PRECISA-SE: MUSA
Urgente
Quantas vezes não foram acometidos de uma tremenda falta de inspiração em que queriam escrever alguma coisa e as palavras simplesmente não saíam? O mesmo se tem passado aqui pelo Lado B e pelos seus afluentes. Não é a primeira vez, não há-de ser a última. Geralmente resolvo estes problemas deixando fluir as primeiras palavras. O resto vem por acréscimo. Houve um tempo em que desejei que isso acontecesse - o secar desse rio -, em que acreditava que eram as palavras que estavam a bloquear a porta que havia entre mim e a vida lá fora. Só que a vida continua lá fora e as palavras já cá não estão. Minto, estão, repetem-se na minha cabeça numa cadência assustadora, como uma torneira mal fechada, como uma CREL onde as rochas desabaram e o trânsito vai ficando cada vez mais e mais engarrafado sem conseguir encontrar uma saída. Tem sido assim com as palavras, onde tem faltado o engenho com que as moldava, com que lhes dava cores e sons, como se as minhas mãos tivessem vida e vontade próprias. Só que se a vida é feita de vontades, a minha tem sido feita de ausências, até aqui repleta de palavras que enchiam vazios, que disfarçavam necessidades. De onde vem a inspiração? "Como e quando é que surge esta força estranha que me guia a mão?", "Não sei (...) , sinto-a apenas como um vento súbito que chega sem bater, quando sofro, quando amo ou julgo amar, quando sonho acordado, quando odeio, raramente quando a procuro. Aí, fogem-me as ideias, fico atolado em palavras que não fluem." Nunca me acostumei a viver sem palavras, sobretudo escritas, como se as minhas emoções, todos os meus desejos e frustrações saíssem num desabafo literário e quase sempre virtual. Eu quero viver, quero sonhar, experimentar, cair e levantar-me, rir e chorar, mas também escrever. Onde estão as musas da escrita, da vida, as tágides de Camões, Euterpe, Érato e a Calíope, musas de tantos poemas e prosas. Será a inspiração uma mulher? Onde está ela então que a minha vista não alcança? Será o sofrimento, uma tarde de praia, o mar azul, a dança da chuva, o Sol, a solidão, um pássaro, um avião? Decerto não será o Super-Homem. Tanta vida lá fora, quem vai abrir esta janela? Quem és tu, inspiradora musa que me vens estender a mão?
p.s. envio de respostas com fotografia de corpo inteiro - porque nem só da alma vive o homem - para os emails no canto superior direito deste blogue