sábado, novembro 29, 2008

À ESPERA DE GODOT


Qual é a idade em que é suposto ganharmos juízo? Qual a idade em que devemos abdicar dos nossos sonhos? há alguma idade limite para o risco? Até que idade é certo podermos fazer coisas erradas? E porque razão, só quando envelhecemos descobrimos o quanto errado foi preocuparmo-nos em fazer tudo certo? Até que idade nos é permitida a loucura de poder voltar atrás, fazer reset e recomeçar do nada? Porque será que a idade em que descobrimos que - apesar de todas as fortunas, dessa sede insaciável de fama e glória - não há nada mais importante do que a felicidade, chega sempre quando já pouco ou nada podemos fazer para alterar o rumo dos factos? Uma vez li que a vida estava virada do avesso, que deveríamos vir ao mundo velhos e sábios e a partir daí iríamos trabalhar, com todas as preocupações daí inerentes, seguindo depois para a juventude despreocupada, tendo apenas que passar o tempo da melhor maneira que fosse possivel, aproveitando cada minuto como se fosse o último. Mais tarde, já crianças, haveria tempo para brincarmos, então de forma mais inocente, antes de terminarmos a nossa vida regressando ao ventre das nossas progenitoras. Mas isso é utupia. Então continuamos escravos do tempo, contando o tempo que falta em vez de o tentarmos aproveitar ao máximo, esperando por um Godot que não veio hoje, como não veio ontem nem virá nunca, porque é caracteristica humana nunca nos contentarmos com o que temos, sofrermos de amores impossíveis, almejarmos nada menos que a lua. A que idade deixaremos nós, homens, de ser parvos?

quinta-feira, novembro 27, 2008

A IMPORTÂNCIA DE UM NÃO

O que explica cada vez mais actos tresloucados de violência puramente gratuíta e difícil de compreender pelo senso comum? Filhos batem nos pais, maridos e mulheres agridem-se um ou outro às vezes por motivos mesquinhos e sem importância, alunos desrespeitam e atacam professores. Por todo esse mundo há jovens que vão armados para as escolas e sem se saber muito bem porquê, começam a disparar indiscriminadamente, antes de porem termo à própria vida, pais violam filhas, etc etc etc. Dizem-se muitas coisas. Diz-se que a crise económica leva as pessoas a perderem a cabeça, que é a violência a que assistimos na televisão, nos filmes, e que há referências ao sexo em todo o lugar, desde os anúncios de TV, as telenovelas ou à própria maneira como se vestem as jovens dos dias de hoje, vulgarizando um acto de amor ao seu estado mais vulgar, primário e obsceno. Tudo isso mais as noitadas até às tantas, em que os nossos homens e mulheres de amanhã já começam a noite acompanhados de duas ou três garrafas cheias - quase sempre trazidas de casa, porque as bebidas nos bares e discotecas não são baratas - e acabam-nas quase a cair para o lado e sem saberem bem o que se passou entre o início e o fim da noite, mas com a satisfação de que são mesmo In, porque beberam, fumaram, passaram toda a noite fora de casa e mantiveram assim o respeito dos "amigos". O jovem actual tem uma fraca noção de direitos e deveres e de responsabilidades. Assim, pensam que podem fazer tudo, porque ninguém lhes poderá fazer nada. Afinal, nem os criminosos já vão para a prisão. Como se não bastasse, os problemas com droga, os assaltos e o próprio flagelo da prostituição estão a aumentar e a transformar a nossa sociedade de forma caótica, com as forças da ordem a perderem o controlo da situação e as pessoas andam com medo de passear na rua, mesmo em pleno dia. E a culpa é da televisão? Isto vem a propósito de uma postagem que li e que relatava que em algum lugar do mundo, um jovem entrou na casa da namorada com uma arma, que lhe foi vendida mesmo sem que para isso tivesse licença e fez a família dela refém, mantendo a polícia ocupada durante longas horas e atirando em duas pessoas inocentes. Ao que parece, porque ela NÃO quis mais falar com ele, porque a amava, mas não aceitava um NÃO como resposta. Pelo excerto do texto que se segue - e que nos dá uma outra e curiosa versão dessa história das responsabilidades -, a culpa de muito do que está errado nos dias de hoje pode ser de um simples NÃO.
"O NÃO da menina foi o único NÃO, dessa história toda. Faltaram muitos outros NÃOS: Faltou o NÃO de um pai e uma mãe; alienados pelas novelas de TV, dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá e tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. (...) Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Pelo jeito, a única que disse NÃO nessa história foi punida com uma bala na cabeça.

O mundo está carente de NÃOS.

Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer NÃO às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer NÃO aos maridos (e alguns maridos, temem dizer NÃO às esposas). Pessoas têm medo de dizer NÃO aos amigos. Noras que não conseguem dizer NÃO às sogras, chefes que não dizem NÃO aos subordinados, gente que não consegue dizer NÃO aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um NÃO, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal. Os pais dizem, “não posso traumatizar meu filho”. E não é raro eu ver em público alguns tomando tapas de bebés com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraónicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer:

“NÃO, você não pode bater no seu amiguinho”.

“NÃO, você não vai assistir a uma novela feita para adultos”.

“NÃO, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei”.

“NÃO, você não vai passar a madrugada na rua”.

“NÃO, você não vai dirigir sem carteira de habilitação”.

“NÃO, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos”.

“NÃO, essas pessoas não são companhias para você”.

“NÃO, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate”.

“NÃO, aqui não é lugar para você ficar”.

“NÃO, você não vai faltar na escola sem estar doente”.

“NÃO, essa conversa não é para você se meter”.

“NÃO, com isto você não vai brincar”.

“NÃO, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque”.

Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS; crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro NÃO que a vida dá (e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um NÃO; intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer – é também responsabilidade. E quem ouve uns NÃOS de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer NÃO a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O NÃO protege, ensina e prepara. Por mais que seja difícil, eu tento dizer NÃO aos seres humanos que cruzam os meus caminhos, quando acredito que é hora – e tento respeitar também os NÃOS que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. É aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias."

Toda a gente tem direitos e deveres e aos pais não assiste o direito de ficarem calados, mesmo quando os filhos - por já saberem andar pelos seus próprios pés - julgam que já sabem tudo. Eu próprio não sei de tudo. Continuo a aprender todos os dias, a cada minuto, e será assim enquanto eu viver, ensinando, mas sobretudo aprendendo, que nem todas as pessoas são iguais, respeitando as diferenças - isso faz parte da cidadania - e tendo a noção de que os meus direitos vão até onde começam os direitos dos outros. Isso é fulcral para uma convivência sã e é geralmente esquecido nos dias de hoje, em que só os nossos desejos e direitos contam.

P.S. Será que só a mim é que causa confusão esta nova moda de andar com as calças abaixo? Se calhar estou já a ficar cota - mesmo que com alguns dias de antecedência.


terça-feira, novembro 25, 2008

E SOMOS HUMANOS?



Comemora-se hoje o Dia Internacional Contra a Violência Contra as Mulheres. É uma designação extensa e que não soa lá muito bem, a recordar-nos que neste ano de 2008, as pessoas insistem em maltratar os seus semelhantes, mulheres ou não, mas também crianças, idosos, animais, etc etc etc. Realmente, seria difícil algo assim soar de outra forma e se as palavras porventura tivessem cor ou cheiro, estas estariam tingidas a vermelho e cheirariam mal, muito mal.


A vida são apenas dois dias e o primeiro vai já a meio. Será que não sabemos ocupar melhor o nosso tempo? É inadmissivel que hoje em dia ainda se procure a via da violência para resolver qualquer discordância de opinião, mas é a triste realidade. À falta de outros argumentos, como a razão, usa-se e abusa-se da violência.


Pessoalmente, custa-me a acreditar que os nossos antepassados das cavernas fossem tão primitivos como muitos de nós que nos passeamos de fato e gravata e gostamos que nos tratem por senhores ou doutores.

É tempo de acabar com esta vergonha! É tempo de dizermos
"basta"! Por si, por todas as vitímas directas ou colaterais deste flagelo, seja Humano, denuncie. Recorde-se que se hoje pode estar a ajudar a salvar uma vida, amanhã poderá ser a sua a estar em risco.

domingo, novembro 23, 2008

3 ANOS


E lá vão três anos de Lado B. Na hora de soprar as velas penso naqueles que passaram por aqui, nos que ainda continuam e naqueles que não voltam mais. Há sempre a ideia de que podia ter feito mais, ter conseguido algo mais com este espaço, ter ido mais além dos seus limites. Agora que aqui cheguei desejo, não me tornar muito aborrecido para quem por cá passa, agradar à vista, aguçar o pensamento daqueles que têm alguma coisa por dizer. A todos os que me têm acompanhado e sobretudo a quem tem contribuído para que não esmoreça nesta tarefa o meu muito obrigado.

sábado, novembro 15, 2008

E FEZ-SE LUZ

A iluminação de Natal na cidade de Almada foi hoje inaugurada com grande pompa e circunstância na Praça do MFA, junto à enorme árvore de Natal, cujo acender das luzes foi o ponto alto desta cerimónia, aproveitada pela Presidente da Câmara para, entre ténues aplausos e alguns assobios, fazer a elegia da importância para o Concelho do polémico Metro, enquanto fonte de desenvolvimento para Almada. Política à parte - mas não esquecida - e apesar dos atrasos sempre habituais nestas cerimónias, a cidade está bonita e espaçosa. Pessoalmente, tudo isso, as luzes, as festas, a alegria das crianças e toda este âmbiente tão peculiar enche-me de uma melancólica nostalgia dificil de explicar, numa época propícia à partilha.

sexta-feira, novembro 14, 2008

MÁ EDUCAÇÃO

Primeiro que tudo, quero aqui vincar que, estou contra uma série de medidas aplicadas pelo Governo em geral e, em particular, pelo Ministério da Educação, que limitam em muito, a vida particular dos professores, que antes de o serem são seres humanos. As recentes ocorrências que marcaram as visitas a estabelecimentos de ensino, quer da ministra da educação como dos seus secretários reflectem, não apenas o elevado grau de insatisfação em relação ao estado da educação em Portugal, como ainda um preocupante problema dessa mesma educação - ou falta de - que é notório desde há muito nas faixas etárias mais novas - o chamado futuro da nação - mas que vem ganhando grandes adeptos entre pessoas de outras idades, para quem a vida é apenas feita de direitos. O que é verdadeiramente alarmante é saber que estas manifestações de violência e má-educação são organizadas para servir os interesses de outros que não apenas os estudantes ou os professores e que estes jovens que atiram impropérios - além de ovos e tomates - ao Governo, cujo significado a maior parte desconhece, deixam-se afinal conduzir como carneiros, destituídos de personalidade própria, acartando eles com as consequências directas dos baixos estratagemas orquestrados por quem tem interesses bastante distintos dos princípios da educação. Na minha modesta e pouco significativa opinião, salta à vista desarmada que algo vai muito mal no pelouro da educação, mas não deixa de ser para mim inequívoco que, neste como em outros sectores, desde os professores, aos médicos, aos próprios pais como à classe política, é necessária uma avaliação, que na maior parte dos casos seria negativa. Há, concordo, necessidade de alterar programas descabidos da realidade, para que - no caso específico dos professores - estes não se vejam obrigados a passar grande parte do dia nas escolas, negligenciando as suas vidas pessoais. Quanto aos alunos e aos outros, os verdadeiros mentores destas manifestações infantis, existem outras formas de protesto mais dignas que o lamentável desperdício de ovos ou tomates, mas que devido ao grau de cívismo e educação inerentes serão para eles desconhecidos ou muito difíceis de assimilar.

quinta-feira, novembro 13, 2008

SUGESTÕES



As minhas sugestões de hoje incluem três filmes que tive a sorte de poder ver nestes últimos dias. O primeiro é Bangkok Dangerous (O Perigo Espreita), mais uma versão americana de um filme de 1999 com o mesmo nome. Neste remake, com o genial Nicolas Cage como protagonista, desempenhando o papel de um assassino contratado para quatro trabalhos, na Tailândia. Metódico, solitário e eficiente, começa a ver a sorte alterar-se assim que se apaixona por uma ajudante duma farmácia, começando a pôr em causa os seus próprios valores até aí inquestionáveis. Longe de ser um filme brilhante - as cenas de acção chegam a ser pobres e bastante inverosímeis -, é o carisma de Cage que salva o filme e, embora dele se espere sempre mais, consegue torná-lo num entretenimento válido. Destaque neste filme para a beleza serena de Charlie Young, tão peculiar das mulheres orientais.




De uma crueza por vezes arrepiante é a minha segunda sugestão, Obsessão Mortal, com outro dos maiores nomes da indústria cinematográfica americana, Richard Gere, ao lado da competente Claire Danes. Neste filme que se debruça sobre os crimes sexuais e toda a espécie de fetiches relacionados e levados a extremos, Gere é um agente que tem como missão acompanhar a reinserção social de ex-detidos por esse tipo de crimes, enquanto que Danes é a pessoa que vai tomar o seu lugar, logo após a sua reforma forçada, com base nos métodos bastante violentos e pouco éticos do protagonista. Claramente, um filme a não perder.



A terceira sugestão é o quase desconhecido Windstruck, de 2004, mas a que felizmente tive acesso. Originário da Coreia do Sul, este filme é realizado por Kwak Jae-Young que, pelas críticas, é daqueles realizadores com um toque especial de Midas, capazes de fazer um sucesso de cada filme realizado, cujo expoente será My Sassy Girl, aguardado por mim com imensa expectativa.
Além destes dois filmes, também é seu, Il Mare, que os americanos aproveitariam para fazer A Casa da Lagoa, com Sandra Bullock e Keanu Reeves. Windstruck conta a história do envolvimento entre uma mulher polícia (interpretado por uma magnetizante Jun-Ji-Hyun) e por um professor (Jan-Hyuk). A história, ao contrário dos romances ocidentais, é imprevisivel, sem os habituais clichés do "viveram felizes para sempre". A mescla entre a comédia, o drama, as artes marciais ou mesmo a fantasia, resulta numa mistura explosiva, tornando Windstruck num filme sensivel e arrebatador, capaz de trazer as emoções à flor da pele. Puro e selvagem, inocente e por vezes a roçar o ingénuo, Kwak consegue arrancar-nos uma gargalhada com a mesma facilidade com que nos rouba uma lágrima. Pelo menos comigo conseguiu-o.

quarta-feira, novembro 12, 2008

SE EU MORRER AMANHÃ


Se eu morrer amanhã
quero te ter hoje,
te conhecer
e te amar.

Quero levar de ti,
os beijos que não troquei,
as carícias que não tive,
os abraços
que não dei.

As madrugadas que não vivi,
a cama vazia em que acordei,
sentindo-te contra mim,
me procurando sem te achar,
pois não estavas ali.

Estava a te procurar tanto
que passei pela vida e não te vi.
As lágrimas que verti,
os olhos cansados
olhando o infinito,
e vendo só a ti.

Se eu morrer amanhã,
quero a certeza
que te tive um dia,
para poder contar
aonde for
que foste meu
uma vez,
um minuto,
que não deu nem para um beijo,
pois estava tão perdida
que me perdi neste minuto.

Amando-te desta maneira,
passei pela vida
e nada vi,
pois só via a ti.
Nada mais procurava,
nem a ti achava...
Na minha loucura de te amar,
perdi a noção do tempo.
Te perdi
dentro de mim,
pois nunca o tive.

E, continuando essa busca,
se eu morrer amanhã,
serei feliz!
Te procurei,
não te encontrei
mas só te amei!


de Eda Carneiro da Rocha

terça-feira, novembro 11, 2008

SE EU MORRESSE HOJE...

"Se Eu Morresse Hoje..." é um tópico bastante interessante sobre o qual encontrei dois poemas belíssimos capazes de nos deixar a pensar sobre o assunto e que gostaria de compartilhar convosco:


Se eu morresse hoje
queria ter a tua mão segurando a minha..
eu pedir-te-ia perdão pelas muitas coisas que não disse
pelas vezes que menti e por tantas que me omiti
por verdades que não deveria ter dito
pelos beijos e carinhos que não te dei,

Beijaria as tuas mãos em agradecimento
pelo amor que me fizeste sentir
por todos os minutos que a tua voz acarinhou meus ouvidos
pelas verdades não ditas
e pelas mentiras ocultas
pela felicidade que me deste
por minutos que nos sentimos
por tu existires
e teres cruzado o meu caminho

Estranha vida que faz com que nos últimos momentos
tudo que poderia ter sido e não foi seja possível...
Quantos beijos e afagos perdidos...
Quanto tempo desperdiçado...



Se eu morresse hoje.
Morreria feliz!
Porque tive você
em meus braços.
Pude te olhar nos olhos,
e dizer te amo.
Se eu morresse hoje,
Não iria chorar pelo
que não tive.
Iria chorar pelo
que perdi.
A vida é feita de
ganhos e perdas.
De instantes,
de eternidade.
Lembranças felizes.
Momentos de alegrias
e de lamento.
Pras dores e lamentos,
cerro as cortinas
do meu pensamento.
Escancaro as janelas
da alegria.
Deixo entrar a emoção,
e a recordação.
Dos momentos únicos,
e felizes que passei com você.
Se eu morresse hoje.
Seria uma benção,
não um lamento.
Pois vivi com você.
os melhores momentos
Com você eu fui
desmedidamente feliz.
E pra sempre em meu
coração viverás.

sábado, novembro 08, 2008

A PESSOA ERRADA


A pessoa errada

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivência, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.

Porque a pessoa certa faz tudo certinho. Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada.

A pessoa errada te faz perder a cabeça
fazer loucuras
perder a hora
morrer de amor.
A pessoa errada vai ficar um dia sem te encontrar
que é pra na hora que vocês se encontrarem
a entrega ser muito mais verdadeira.

A pessoa errada é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar
mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono
mas te vai dar em troca uma noite de amor inesquecível.
Essa pessoa talvez te magoe
e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado
mas vai estar 100% da vida dela esperando você,
vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer para todo mundo
porque a vida não é certa,
nada aqui é certo.
O que é mesmo certo, é que temos que viver cada momento, cada segundo
amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo.
E só assim é possível chegar àquele momento do dia
em que a gente diz: "graças a Deus deu tudo certo"
quando na verdade
tudo o que Ele quer
é que a gente encontre a pessoa errada.

Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...
nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano,
respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.


de Luís Fernando Veríssimo


(não sei se sou a pessoa certa ou errada. Sou a pessoa que te ama e isso para mim é tudo, como para outros pode ser nada)

quinta-feira, novembro 06, 2008

ETAPAS

É sempre com tristeza que tomo conhecimento do fim de outros blogues, com a noção cada vez mais palpável de que também este espaço já viu esse mesmo dia mais distante. Para os mais atentos, é notório que a dedicação tem escasseado. Para mim fica também a certeza de que as dúvidas, sobretudo existenciais, mas também a nível do conteúdo surgem cada vez mais frequentes. Manter um blogue requer, não apenas dedicação. É fundamental haver um motivo, uma actualização periódica e alegria, no sentido do acto de postar constituir muitas das vezes um escape, uma forma de desabafo, um grito quantas vezes surdo, mas que nos liberta. O desaparecimento de outro blogue com o qual se partilhavam visitas e se trocavam comentários quase como num ritual diário é como perder um amigo chegado, mesmo que não o conheçamos pessoalmente. Quantos sites visitamos diáriamente ignorando quer o nome ou o sexo do seu autor? É esse o poder, o fascínio da internet, o de aproximar quem está distante, levando-nos por vezes - e por essa mesma contingência geográfica - a trocarmos mais fácilmente confidências com desconhecidos do que com familiares ou amigos. Sei, e espero ser este o caso, que o encerrar de uma etapa como esta - apesar de não ser fácil - não pressupõe obrigatóriamente para quem a toma, qualquer tragédia ou drama pessoal. Quantas vezes o virar desta página não significa o abrir da janela, o pulo em direcção à vida, a descoberta de novos alentos bem menos virtuais e por isso mesmo mais aliciantes, porque a vida não é para ser vivida na ponta dos dedos... mas no pulsar do coração. Eu chamo-me Miguel Ângelo, e este, ainda é O LADO B DA VIDA, sempre tentando agradar a quem fica, mas sem esquecer quem parte.

ANJOS & DEMÓNIOS

O cubo mágico para mulheres

MEMÓRIAS COM PERFUME

O meu primeiro beijo foi demasiado rápido e desajeitado, à porta de casa dela, após o pedido de namoro arrancado a ferros na esplanada do Radical, com o embaraço próprio de um adolescente que já não o era e que sentia o chão fugir-lhe debaixo dos pés, numa proeza nunca ousada. O coração, esse, batia como um tambor - bum! Bum! Bum! - desenfreadamente. Onde escasseava tempo sobrava um querer desmesurado e inflamável que mais tarde havia de consumir em cinzas um frágil castelo de cartas alicerçado em sonhos. A vida é assim, faz-se de pequenos detalhes, alimenta-se de grandes sentimentos. Hoje, no aniversário desse dia, recordo o primeiro beijo. Não foi o melhor. Nesse campo, a tendência é sempre para melhorar, mas o sabor das primeiras vezes acompanha-nos até ao último dos nossos dias como um perfume suave mas inebriante, no escrínio secreto das lembranças.

E se a memória tem cheiro, as minhas têm o odor peculiar do cravo e da revolução.