sexta-feira, julho 30, 2010

DIREITOS HUMANOS?!

Desporto? País desenvolvido? Direitos humanos? Parecem tudo expressões desconhecidas para os norte-coreanos, mais preocupados com actividades bélicas e, portanto, a anos-luz da qualidade de vida dos seus "irmãos" do sul como da maior parte dos países asiáticos. Isto a propósito da modesta actuação da selecção em terras da África do Sul, onde, inserida num grupo difícil, juntamente com a Costa do Marfim, Brasil e Portugal, os comandados de Kim Jong-Hun perderam os três jogos, apesar de só contra os portugueses terem sido humilhados, desportivamente falando. Fora dos relvados, foi também o que se sabe, com a selecção a treinar muitas vezes longe dos olhares do mundo, num secretismo exacerbado, com o "Rooney" norte-coreano a dizer que pretendia marcar em todos os jogos e com o seleccionador a dizer que, em termos de qualidade técnica, não eram inferiores aos... brasileiros. Depois dos malfadados 7 a 0, muito se brincou com possíveis castigos no regresso a casa, um pouco à imagem do que infelizmente realmente sucedeu em 1966, quando levaram 5 a 3 de Eusébio e companhia. Veio hoje a saber-se, segundo o jornal italiano La Repubblica (citando a Radio Free Asia) que, o seleccionador terá sido mesmo castigado com trabalhos forçados, enquanto que os futebolistas tiveram de estar seis horas de pé, defronte do Palácio da Cultura Popular de Pyongyang. Ainda segundo a mesma fonte, apenas dois futebolistas escaparam a este "puxão de orelhas" humilhante, o já comentado "craque" Jong Tae-Se, por ter chorado ao ouvir o hino antes do encontro contra o Brasil e An Yong-Hak, que regressou ao Japão - onde actua no campeonato - sem passar pela Coreia. Lá teria os seus motivos! Esta é a triste realidade de um mundo que se quer unido e desenvolvido, globalizado, mas onde conceitos como justiça, igualdade e direitos humanos continuam todos os dias a ser ignorados ou violentados em vários cantos do globo. E se em vez da Coreia o mesmo se passasse num qualquer país árabe rico em petróleo?

UMA LIÇÃO DE VIDA

«Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer»

Estas foram das últimas palavras do actor António Feio, recheadas de sabedoria. O António deixou-nos ontem, depois de uma luta estóica e inglória contra o cancro. O António era um lutador e, apesar de não ter medo da morte e estar preparado para ela - como fazia questão de frisar -, gostava ainda mais da vida. Acho sinceramente que a grande consolação que a morte nos traz, o seu maior mérito, é o de nos agarrar à vida, e quando falo da morte não falo apenas de um final físico, mas de uma derrota, de algo que tivemos e que perdemos. Nada como a perda, como uma morte inevitável, para nos apercebermos e darmos muito mais valor a coisas, pessoas, sentimentos que antes nos passavam ao lado, quase despercebidos. Infelizmente é assim para a maior parte de nós. Quase de certeza, não para o António, não para alguém que, apesar de não o conhecer muito bem - porque nunca fui grande apreciador do António actor -, sempre me transmitiu uma força, uma alegria, uma vontade de viver não apenas exclusiva dos seus últimos meses. O António era assim, podia ser Feio, mas só de nome, porque por dentro era uma pessoa bonita, com a qualidade intrínseca de conseguir transmitir-nos para fora essa mesma imagem, de partilhar. Por isso que, ao contrário de pessoas para quem 100 anos não chegam para encher uma caixa de sapatos com memórias, para quem todo o tempo do mundo não lhes chega para descobrir o significado da vida, que pensam que, após meia dúzia de anos já sabem tudo, que a vida não tem mais segredos, o António vivia como se cada dia fosse o primeiro - ou o último -, sem certezas, descodificando nos pequenos pormenores do dia a dia os verdadeiros valores, aqueles que lhe permitiram viver intensamente e mesmo na doença, encará-la como mais uma etapa, mais uma aprendizagem. E foi nessa aprendizagem, na sua humildade, na esperança, que o António nos deu uma grande lição de vida.

domingo, julho 11, 2010

DA JABULANI ÀS VUVUZELAS





O primeiro mundial africano primou pela decência, da moral e dos bons costumes, negando a glória a selecções como a grande candidata Argentina ou a agradável surpresa paraguaia, frustrando as intenções de Diego Maradona e de Larissa Riquelme, que haviam prometido despirem-se se as suas favoritas conquistassem o tão ambicionado ceptro. (por questões de logística, que não de estética, colocaremos algumas fotografias de Maradona oportunamente. O espaço colocado ao dispor era tão exíguo que mal cabia um telemóvel).