Hoje foi mais uma manhã de praia. Muito sol, vento moderado, até a água estava boa, quase tudo perfeito, menos a vizinhança. Já estava eu admirado por nenhuma bola me ter acertado ainda quando se instalou um grupo de jovens perto da minha toalha. Tudo bem, não sou nenhum eremita e a praia até é grande, há espaço para todos. Só que aos primeiros diálogos eloquentes da rapaziada deu para confirmar a minha teoria de que aquilo dos Morangos e do Rebelde Way é tudo encenado. Não sei se me estou a fazer entender, mas já viram como aquilo é tudo demasiado certinho? Claro que fazem umas tropelias, que desobedecem aos pais, contam umas mentirinhas e por vezes chegam a andar à porrada, mas puxa... eles raramente bebem, não fumam e nunca dizem asneiras. Eu também era assim quando andava na escola e o mais próximo que estive de ser popular era por ser betinho. A geração Morangos não! Eles conseguem ser perfeitos - mesmo com as calças a mostrar os rabinhos e a roupa interior, mas eles são populares, apesar de não beberem, não fumarem, nem praguejarem. Caros realizadores, se querem fazer um trabalho realista e sério, despachem esses betinhos, façam-os voltar para as suas casinhas de Cascais, porque a malta nova, aquela que vemos na rua, nas escolas, nas noitadas carregados de garrafas e enrolando ganzas, na praia... não têm nada a ver com os Morangos e muito menos com os RBl. Com um vocabulário bastante limitado, ele é Caralho para cá, Caralho para lá, Foda-se e tantas outras palavras que fazem de uma considerável parte dos exemplares desta geração um mau exemplo do futuro que nos espera. Por enquanto, e como não posso fazer muito mais, vou puxando a toalha mais para trás, em busca de um ar mais saudável e mais eloquente no vocabulário.