quinta-feira, março 27, 2008

SABIA QUE...

QUANDO VENCER SIGNIFICA MORRER

Certamente que muitos daqueles que gostam de cinema já viram "Fuga Para A Vitória" (1982), um dos melhores filmes de futebol que se fizeram até agora. Neste filme de John Huston, Sylvester Stallone e Michael Caine integram uma equipa de prisioneiros num campo de concentração alemão, onde, com a ajuda de reforços de peso como Pelé, Bobby Moore ou Osvaldo Ardiles, emtre outros, conseguem derrotar o orgulho uma forte equipa alemã. O que poucos saberão é que esse filme é baseado numa história verídica que teve um final muito menos feliz, mas que demonstra fielmente que existem valores que transcendem a própria vida e pelos quais valerá a pena morrer. Foi o que aconteceu com um grupo de jogadores russos, há mais de 60 anos atrás.



"Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista, e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram com tudo. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido goleiro do Dinamo.

Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente por sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Num dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou um mendigo e de imediato se deu conta de que era seu ídolo: o gigante Trusevich.
Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o goleiro para que trabalhasse em sua padaria. Sua ânsia por ajudá-lo foi valorizado pelo goleiro, que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um teto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela de sua equipe.
Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma idéia genial: encomendou a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto de seus colegas. Não só continuaria lhe pagando, senão que juntos podiam salvar os outros jogadores.

O arqueiro percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, a seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, se esforçando para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre seus empregados uma equipe completa.

Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o seguinte passo, e decidiram, alentados por seu protetor, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única que bem sabiam fazer. Muitos tinham perdido suas famílias nas mãos do exército de Hitler, e o futebol era a última sombra mantida de suas vidas anteriores.

Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipe. Assim nasceu o FC Start, que através de contatos alemães começou a desafiar a equipes de soldados inimigos e seleções formadas no III Reich.

Em sete de junho de 1942, jogaram sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 a 2. Seu seguinte rival foi a equipe de uma guarnição húngara, ganharam de 6 a 2. Depois meteram 11 gols numa equipa romena. A coisa ficou séria quando em 17 de julho enfrentaram uma equipe do exército alemão e golearam por 6 a 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipe melhor para ganhar deles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 a 1, e mais tarde, ganhou de 3 a 2 na revanche.

Em seis de agosto, convencidos de sua superioridade, os alemães prepararam uma equipe com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande time, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler. Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de esportividade dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.

Depois dessa escandalosa queda do time de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã.

A superioridade da raça ariana, em particular no esporte, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar o time em um jogo.
Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo:

- "Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado", exigindo que eles fizessem a saudação nazista.


Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: - "Heil Hitler!", gritaram - "Fizculthura!", uma expressão soviética que proclamava a cultura física.
Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro gol, mas o Start chegou ao intervalo do segundo tempo ganhando por 2 a 1.

Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas:
- "Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo". Ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram em suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.

Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 a 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu lhe um drible deixando o coitado estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o gol, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.

Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 a 0. Mas o final já estava traçado: depois dessa última partida, a Gestapo visitou a padaria.

O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o arqueiro Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em novembro de 1943. O resto da equipe foi torturada até a morte.

Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se atualmente um monumento que saúda e recorda àqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pôde derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942.

segunda-feira, março 24, 2008

DESCULPA

Desculpa se os meus olhos te procuram
se a minha boca se esconde no silêncio da dor,
Desculpa se tenho medo de lutar,
medo de nada receber e mesmo assim ter de pagar.
Desculpa se tenho medo de ficar só.
Quanta gente não terá?
Quanta gente não irá ficar?
Desculpa por tudo o que já disse,
por aquilo que já pensei
e a que faltou coragem de fazer.
Desculpa se o tempo que tens é curto
para mais este poema que te dedico,
saboreia-o com o teu desprezo,
que ele é certamente
o último que eu te escrevo.

domingo, março 23, 2008

RESSURREIÇÃO


Está quase a terminar o domingo de Páscoa e com ele esta quadra alusiva à ressurreição. Não que acredite na maior parte destas histórias de cariz religioso, mas mentiria se não dissesse que sempre me fascinaram, desde a minha infância. E é nessa infância que tenho pensado inúmeras vezes desde que nasceu o dia e na impossibilidade de também eu renascer. Talvez a ressurreição seja mais psicológica do que outra coisa. Talvez seja apenas uma oportunidade - como tantas outras - de meditarmos sobre o caminho que estamos a levar e emendá-lo, se for caso disso. Uma quadra para refletirmos, para perdoarmos, para nascermos outra vez, mais limpos, mais justos. Também eu queria renascer, talvez de uma forma mais física. Porque não pode a vida ser como um jogo de computador em que se tudo estiver a correr mal basta-nos desligar e voltar ao início? Porque não poderemos a dada altura das nossas vidas simplesmente fazermos um reset e partirmos uma vez mais do zero? Eu, que até nem ligo à Páscoa, deixei-me absorver hoje por estes pensamentos, meditando sobre coisas que eu fiz no passado e não faria hoje, sobre as consequências de cada acto e dos caminhos que a minha vida tomou até à encruzilhada em que me encontro. Dizem que o arrependimento é meio caminho andado para o perdão e que existe sempre um amanhã para quem acredita e essa é a minha fé que move as montanhas da minha esperança, a de que haja uma luz algures, um futuro, uma luta justa por lutar, um lugar onde o Sol chegue, alguém, um motivo para continuar.

sábado, março 22, 2008

HUMOR NEGRO... MAS VERÍDICO


Esta notícia descreve um acontecimento que teve lugar no início deste mês: "Impedido de ampliar o cemitério, o edil de Sarpourenx, uma vila no sudoeste de França, tomou medidas radicais, proibindo os munícipes de morrer. Em comunicado citado pela Reuters, Gérard Lalanne disse que os infractores serão duramente punidos (como?). Os 260 moradores não queriam acreditar no que leram." Para quem já teve oportunidade de ver o belíssimo filme "O Último Desejo de Roseanna", com Jean Reno e Mercedes Ruehl, é caso para dizer que nem sempre é a ficção que imita a realidade, mas sim o oposto.

sexta-feira, março 07, 2008

EVASÕES (Kate Winslet)

Kate Elizabeth Winslet, a inesquecível musa de Leonardo de Caprio, em Titanic, nasceu a 5 de Outubro de 1975 em Reading, Inglaterra. Actualmente é casada com o cineasta de origem portuguesa Sam Mendes, tendo já sido nomeada por 5 vezes aos óscares, sem nunca ter sido galardoada.