segunda-feira, junho 06, 2011

MUDANÇA

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
 
 
Mudança... de hábitos, de vontades, de ideias e de gente, imprevistas ou calculadas, mais ou menos radicais, irrefletidas ou mais ponderadas e conscientes, a nossa vida segue ao ritmo das mudanças. A insatisfação inerente ao Ser humano, a sua ambição, o fazer face às próprias necessidades ou simplesmente confortos induziram desde os primórdios dos tempos a uma mudança tão benéfica como tantas vezes perigosa. Recordemos que a pólvora não foi inventada para fins bélicos, por exemplo.
Muitas coisas mudaram desde a última vez que aqui vim. Ganhos e perdas, foi, é, será sempre assim e cabe a nós saber conviver com o resultado das nossas acções, das nossas escolhas. Acredito que fiz o melhor, o que nem sempre sucede, apesar das intenções serem sempre as melhores. De boas intenções - soi dizer-se - está o inferno cheio. Os dias parecem agora correr de forma mais célere embora mais preenchidos, plenos de vida, duma felicidade até agora desconhecida,  própria das coisas seguras, de certezas e planos que são agora mais que sonhos, realidades.
Ontem, o País - ou uma parte não muito significativa que apesar da descrença nos políticos e na crise insiste em ter fé numa eventual mudança - foi às urnas num dia mais convidativo para um passeio à praia, a fim de escolher um novo Primeiro-Ministro, e, ao contrário dos últimos actos eleitorais, a mudança foi inequivocamente a vontade da maioria. Do acerto da escolha só o futuro o dirá, na certeza absoluta de que tempos difíceis se aproximam, de um esforço que a todos, sem excepções, deveria ser exigido e que sabemos de antemão não ser bem assim. A tradição, em muitos casos, ainda é o que era, e há coisas que não mudam nunca, apesar da vontade e das boas intenções das pessoas.