domingo, dezembro 13, 2009

IRMÃOS DE GUERRA

Não tenho particular predilecção por filmes de guerra, confesso, mas Irmãos de Guerra foi uma agradável surpresa, ao ponto de o considerar mesmo um dos melhores filmes que presenciei este ano. Do realizador Je-Gyu Kank, o filme conta a história de Jin-Tae, que vive com o seu irmão mais novo (Jin-Seok), sua mãe e ainda a sua noiva. Jin-Tae engraxa sapatos de forma a poder mandar o irmão para a universidade, quando deflagra a guerra da Coreia e os dois irmãos, embora por motivos diferentes acabam por ir parar ao centro da batalha. A partir dessa altura, para Jin-Tae, o seu único objectivo passa a ser o de ganhar a Medalha de Honra de forma a conseguir enviar o irmão de volta para casa, voluntariando-se para as missões mais arriscadas de forma a atingir rapidamente o seu objectivo. Só que a reacção do seu irmão e a entrada da China no conflicto acabam por dar um outro rumo à história, totalmente imprevisível. Irmãos de Guerra não é apenas um filme de guerra. É O filme. Com cenas de uma realidade e brutalidade notáveis a pedir meças às produções do género americanas, com muitas batalhas e bastante sangue, Irmãos de Guerra arranja ainda tempo para ser um dos melhores dramas que tive oportunidade de ver, incidindo sobremaneira na relação muito próxima destes dois irmãos numa guerra em que passa para segundo plano quem são os bons ou quem são os maus, até porque não é isso que interessa. A partir de certa altura, mesmo aqueles que julgávamos bons são vistos a cometer grandes injustiças e atrocidades, a provar que numa guerra não existe um lado certo. Por certo, apenas a convicção de que este é um filme a não perder, se gosta de grandes filmes e não se deixa impressionar facilmente com braços cortados e algum sangue à mistura.


sexta-feira, dezembro 04, 2009

HUMOR NATALÍCIO

SEXO VRTUAL

terça-feira, dezembro 01, 2009

NÃO TE QUERO


Se eu soubesse sonhar sonhava-te
Se eu soubesse amar amava-te,
mas eu já não sonho,
eu já não amo, vivo ou luto,
eu simplesmente aceito
(o que a vida já não me quer dar).
Vivi na ânsia de sonhos dourados,
embriaguei-me em ilusões desfeitas
escritas a sangue pel'amarga pena do destino.
Por isso não te quero amar
não te quero querer,
embalado pelos braços de uma ilusão.
Por isso não quero nem sonhar,
e porque não sonho não vivo
e porque não vivo não sofro,
não sofro porque não te quero
e se não te quero perco-te
e se te perco...

não me encontro.

domingo, novembro 29, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO!...


Há dias em que as palavras ganham um sentido especial, aniversários, Natal, aqueles dias que nos trazem uma memória boa e às vezes uma lágrima nostálgica ao canto do olho. Dias em que as letras se vestem de cores e sentidos para moldar sentimentos. Algumas pessoas procuram usá-las de outros tons, mais ricas, mais complicadas,na busca de sons e formas originais; outros - mais ocupados, mais práticos - recorrem de fórmulas antigas mas cuja receita resulta sempre. A estes respondo à letra, num prático e sintético "obrigado". Aos outros, ornamentados entre o humor mordaz e o elogio da praxe agradeço as palavras e refuto alguns dos "acessórios". Sem falsas modéstias, não entro na euforia gratuita dos elogios. Não sou uma pessoa especial.Todos temos os nossos momentos, bons e maus, de anjo e de diabo, uns mais que outros, mas todos humanos. Assim sou eu - do grupo dos "outros" e cheio de defeitos e pecados que mil avé marias já não conseguem absolver. Resta-me o orgulho - esse devaneio - de tudo ou quase tudo o que fiz e faço obedecer a boas intenções (dessas que enchem o Inferno) e regras, como sempre essa mania de tentar ser certinho e estar sempre a descarrilar. Claro que agradeço sempre cada palavra, cada frase elogiosa. São fáceis de dizer, significam aquilo que quisermos, fazem-nos chorar e rir, inchar o ego como um balão, atiram-nos ao chão mais depressa que uma pedra ou um murro no estômago. Mas todas as guerras fossem de palavras, faladas ou escritas. Até o amor se vale de palavras, bonitas, sensíveis, daquelas que conquistam, daquelas que exageram e que mesmo assim pecam por defeito, porque não foram ainda inventadas palavras que chegassem para definir certos sentimentos. Recorro-me então em última instância do pouco original mas sincero "Obrigado". Obrigado a todos pelas palavras, pelas mensagens, aos meus amigos - aos que conheço daqui e daí. Este espaço fez quatro anos há pouco tempo e a cada dia que passo apercebo-me sempre um pouco mais do poder que a internet em geral e a blogosfera em particular têm. Hoje, as palavras já me chegaram de amigos, da família e de pessoas que não conheço mas que não deixo de estimar e a quem já me liga uma, mesmo que distante, cumplicidade. A distância é hoje mais curta e as diferenças (de sexo, de raça, de ideias, etc etc) uma razão para nos aproximar-mos e conhecermo-nos melhor. Em 2009, quase 2010, já não se justifica que os conflitos se façam através de armas, de derramamento de sangue à falta de melhores argumentos, de palavras. Não foi a roda que fez evoluir o Mundo, que nos fez modernos e racionais, mas a Palavra. Porque será que mesmo assim tanta gente insiste em atitudes selvagens, irracionais e grunhidos incompreensíveis?

SAPOS VIVOS

Acabei de chegar a casa, com uma vontade de gritar que só visto. Ao invés, limitei-me a engolir uns quantos sapos vivos e a contar até 100 para não explodir. Há momentos em que parecemos ser os únicos a querer fazer as coisas bem feitas, segundo as regras e mesmo assim ainda nos criticam ou pura e simplesmente nos ignoram. Serei eu que estou errado em preocupar-me, mesmo quando sou só eu a remar para o lado certo enquanto os outros insistem em remar na contra-mão?
Talvez a bola seja mais importante do que o dever. Não para mim, mas eu preocupo-me demais. Dizem eles e talvez tenham razão. Deve ser da idade. A paciência e a tolerância diminuem à medida que a idade avança. Vou mas é meter-me dentro do pijama e acabar de ver o Madagascar 2 que ainda não vi e esquecer o mundo lá fora durante alguns minutos. Tenho alturas em que sou chato, exigente demais, meticuloso, com a consciência a debater-se entre o dever e o deixa andar e o pior é que nem a desculpa da menopausa eu posso dar. Desculpem qualquer coisinha!

quarta-feira, novembro 25, 2009

RUI AMA FÁTIMA

A população de Celorico de Basto foi palco de mais um caso que promete reacender a polémica sobre o casamento no sacerdócio, depois de um padre ter fugido com uma jovem de 18 anos. Rui, de 26 anos, tornado padre recentemente, ter-se-à enamorado de Fátima, pelo que foi pedir a mão dela em casamento aos pais adoptivos da rapariga. Vendo a sua pretensão recusada, os dois esperaram que a rapariga fizesse os 18 anos, para no dia seguinte fugirem juntos para parte incerta. Apesar do pouco tempo que o rapaz tinha como padre não vou discutir a sua fé ou a sua devoção cristã. Acredito sinceramente que o mesmo pudesse suceder a um padre mais velho, sem que tal signifique ter maior ou menor aptidão católica. Antes de mais nada, um padre é um homem como uma freira será sempre uma mulher, passíveis de sucumbirem aos desejos e ao amor como seres humanos que são. Por outro lado são já incontáveis os escândalos de pessoas ligadas à igreja, com cargos superiores ao deste padre, envolvidas em casos de pedofilia, relações sentimentais ou meramente sexuais encobertas de uma sociedade em certos aspectos ainda arcaica no seu modo de pensar. Rui confessa amar Fátima, como provávelmente amará Deus, dois amores diferentes capazes de conviverem em harmonia, assim as pessoas e as altas instâncias da igreja o permitissem. Terá um homem casado, pai de família, menos amor para dar aos seus semelhantes ou a Cristo? Duvido. Entretanto e, enquanto os padres não poderem casar, casos como os deste casal ou bem piores continuarão a acontecer, porque a mesma religião que diz que se deve amar o próximo ou dar a outra face ao inimigo, castra os sentimentos dos seus membros, impedindo-os de terem um amor conjugal e de constituírem família, como se isso pudesse também perturbar as já de si frágeis bases da religião católica. Rui ama Fátima. Desde quando o amor é um crime?

SERES HUMANOS?!


Por vezes é-me difícil acreditar que estamos em 2009, quase 2010. Como aceitar que depois de milhares de anos de evolução ainda existam pessoas que se comportam como autênticos animais irracionais? Segundo um relatório da UMAR (União Mulheres Alternativa e Resposta) já morreram este ano em Portugal 26 mulheres devido a violência da parte dos seus companheiros ou ex-companheiros, além de outras 43 vítimas de tentativas de homicídio, números bastante altos e que revelam a falta de argumentos e de sensibilidade de indivíduos que ainda não compreenderam o significado de ser Homem.

segunda-feira, novembro 23, 2009

QUATRO ANOS


O LADO B faz hoje 4 anos, tantos quantos esteve Paulo Bento à frente do Sporting. Será um sinal?

domingo, novembro 22, 2009

UM POLÍTICO DE PALAVRA

Que semelhanças existem entre o Primeiro-Ministro da Eslovénia e o de Portugal? Nenhumas, concerteza, a começar pelos partidos que ambos defendem. Borut Pahor, protagonizou esta semana que agora finda um episódio quiçá insólito e delicioso. Mas começemos pelo início da história, quando a selecção da Eslovénia terminou o seu grupo de qualificação para o Mundial da África do Sul em segundo lugar. Nessa altura e, ainda sem conhecer o adversário para os play-offs, este senhor fez uma promessa arriscada e invulgar: prometeu limpar as chuteiras dos jogadores, caso estes conseguissem a tão desejada qualificação. «Vamos ter uma segunda oportunidade, vamos tentar aproveitá-la... se conseguirmos, limpo-lhes as chuteiras», prometeu o primeiro-ministro esloveno. Na altura, ninguém pensou muito nisso. Os adversários não eram fáceis e afinal, era apenas mais uma promessa de um político. Alguns dias mais tarde, a Eslovénia conheceu o seu adversário, a poderosa selecção russa, claramente superior e favorita no confronto entre as duas equipas. Pois bem, na passada quarta-feira a Eslovénia garantiu a presença na África do Sul depois de uma vitória sobre a Rússia por um a zero. O senhor Pahor, como uma pessoa cumpridora da sua palavra não teve outro remédio que não fosse meter mãos à obra, neste caso, às chuteiras dos novos heróis nacionais. "Sou um homem de palavra", confessou, depois de concluída a tarefa. "Sim, é verdade, confesso que limpei as chuteiras de todos os nossos jogadores, mas também admito que não as limpei muito bem...". Foi no seguimento destas palavras que eu dei comigo a imaginar o nosso Primeiro-Ministro a fazer o mesmo às botas de Ronaldo e companhia. Claro que depois acordei.

PORQUE HOJE É DOMINGO!...

... hoje não vou pensar nos outros.


Perdoem-me, mas hoje não quero pensar no Natal daqueles que estão desempregados e cujos filhos vão certamente passar por necessidades, com pouco que comer e sem nenhum presente, brinquedo ou não. Podem desde já chamar-me cruel, insensível, no mínimo egoísta. Hoje bastam-me os meus problemas para me deitarem ao tapete da auto-comiseração, se quiser perder tempo a pensar neles. Mas não quero. Hoje não.
Problemas... sei que existem milhões de pessoas que agora se ririam dos meus problemas, milhões de indivíduos que dariam anos de vida numa troca de problemas, como quando éramos miúdos e trocávamos cromos à porta da escola. Mas isso era no meu tempo, quando um problema se resumia a uma conta de dividir. Hoje não se trocam mais cromos, a internet e as playstation deixam cada momento livre esmiuçado ao milésimo de segundo. Só que hoje, os outros vêm depois de mim. Não tenho o costume de pensar na fome em África de cada vez que sacio o meu pecado da gula num belo naco de bife, mesmo que vá deixar uma boa porção na travessa. Da mesma forma que não penso naquele rapaz novo, recém casado, recentemente pai, que recebe a notícia de lhe restar um par de meses de vida, quando me queixo com exagerada veemência de um simples arranhão no joelho quando estava a jogar à bola com os amigos. Pensar em semelhante tipo de coisas deixa-nos sempre deprimidos e sugestionáveis ao suícidio. A mrelhor maneira de combateres a pobreza é, acredita, não te tornando um deles.
Um problema é sempre relativamente grande ou relativamente pequeno, conforme a perspectiva. Para assinalar um penalty não tem de haver uma falta de maior ou menor gravidade. Uma falta é uma falta e isso é que é o problema. A "ausência de..." é um pressuposto, uma condicionante para o problema em si. O dinheiro não é o maior dos problemas, ao contrário do que pensa a maioria. Não o ter é um problema, não ter emprego, não ter comida, não ter saúde, não ter amor, são problemas. Não ter esperança é tudo isso e muito mais. Não ter esperança, não ter um motivo para acordar de manhã... isso é que é fodido. O dinheiro não é tudo na vida. É quase. Com ele resolvia quase todas as minhas ausências, mesmo a de sentimentos. Com o vil metal fazia felizes meia dúzia - pouco mais - de pessoas cujo bem estar e felicidade estão indubitavelmente indissociáveis à minha própria harmonia, bem estar e felicidade. Por isso hoje não quero, não vou pensar nos outros, mas nos meus, naqueles cujas lágrimas ou gargalhadas condicionam o barómetro da minha boa disposição, da minha fé e esperança. Fazê-los felizes, sabê-los felizes é quanto baste para ser feliz, é tudo o que eu quero de um Natal cada vez mais endividado e entristecido. Nada peço para mim, nem mesmo amor. A maior parte das vezes nem mereço mesmo nada, tal a dor que a generalidade das minhas boas intenções causou inadvertidamente pelo caminho. Toda a gente nasce para o que é. Uns estão destinados a ser felizes, a outros resta-lhes meia dúzia de boas recordações religiosamente guardadas no escrínio das lembranças, como um tesouro muito valioso. Hoje vou pensar nos meus, desejar para eles um futuro repleto de coisas boas, saúde, dinheiro e amor, tudo aquilo que toda a gente deveria ter. Porque hoje é domingo e se todo o sonho é permitido, o meu é limitado e egoísta... mesmo que nada queira para mim. Amanhã quem sabe... voltarei a ser humano.

sábado, novembro 21, 2009

BOM DIA, ALEGRIA!



Choveu. Muito. Caiu água toda a tarde, e em toda a parte, um daqueles dias que me costuma deixar verdadeiramente irritado, por conseguir reter-me em casa. Muito mau, pior ainda se a manhã não tivesse despertado garrida a prever uma bonança que, irónicamente , soube antecipar-se à tempestade. Porque os dias têm esta característica ímpar de se renovarem todas as manhãs com novas cores, novos cheiros, numa oportunidade que se repete de traçarmos novos caminhos, de mudarmos a história a nosso jeito. Basta estarmos atentos aos sinais. Às vezes chega um sorriso, um simples bom dia, uma pessoa que não víamos há muito, um olhar mais atento sobre o mar que sempre esteve ali ao nosso lado, pequenas coisas, como as pequenas gotas de uma chuva incómoda e persistente, capazes de lavar a "cara" das ruas e deixar para trás simples obstáculos que julgávamos inultrapassáveis. Há dias assim, em que nem a chuva consegue esconder um Sol perfeito que nos aquece o coração.

segunda-feira, novembro 16, 2009

UMA CERTA MAGIA...










APANHADO COM AS CALÇAS EM BAIXO

O insólito aconteceu em Almancil, no Algarve, quando António Simões de Almeida, proprietário de um supermercado se preparava para abrir o estabelecimento já depois das sete da manhã deste domingo. Entalado numa estreita janela que dava acesso ao armazém do supermercado estava um assaltante, um rapaz magro, de 22 anos, romeno, que pelas 23 horas de sábado tinha retirado a grade que protegia a estreita abertura no intuito de concretizar o assalto. Medidas mal tiradas, o rapaz ficou preso pela cintura, assim permanecendo durante mais de onze horas, até à altura que foi descoberto.

Foi António Simões Oliveira, proprietário do supermercado, quem encontrou o assaltante preso na pequena janela quando ia abrir o estabelecimento de manhã

Mas não ficaram por aí as peripécias do infeliz assaltante, já que durante a noite e, na ânsia de se libertar, as calças caíram, ficando na situação embaraçosa que as imagens documentam. Pensaria, todavia, que o seu calvário estava prestes a terminar pelas sete horas de domingo. Puro engano. Incapazes de o soltar, foi necessário recorrer aos bombeiros de Loulé, que tiveram de partir a parede para soltar o corpo, o que viria a suceder apenas já depois das 9 horas da manhã, altura em que acabou detido pela GNR de Faro. Segundo a Guarda, o assaltante pertence a uma comunidade romena de Almancil, já referenciada por furtos a estabelecimentos e residências.

domingo, novembro 15, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO!...


Homens vs Animais
ou
Uma breve história sobre evolução


A evolução do Homem tem andado desde os primórdios da sua existência, de braço dado com a própria evolução do mundo. Ao contrário de outros animais, o Homem não se limitou a adaptar-se à realidade, transformando-a de acordo com as suas necessidades e por vezes, segundo os seus desejos. Nem tudo aquilo que o Homem fez ficou melhor. Inventámos o fogo e
a roda - segundo dizem - para impressionar as mulheres, e a cirurgia plástica porque as duas primeiras impressionaram mesmo TODAS as mulheres, bonitas, menos bonitas e até as outras. Nesse meio tempo, fomos à Lua. Tem sido longo o caminho do Homem na sua busca obcessante pela perfeição e pelo controlo sobre o espaço físico, sobre os outros, sobre o nosso próprio corpo. A clonagem de seres humanos, a descoberta de um meio de travar o envelhecimento das moléculas, conseguir travar a morte é um sonho antigo que acompanha o Homem desde os seus primeiros passos, a perfeição absoluta, o Homem no papel de Deus, criador do Universo. Vão longe os tempos dos nossos antepassados primatas e dos estímulos e comportamentos primitivos, básicos que guiaram os nossos primeiros passos. De ontem para hoje existe uma distância inultrapassável a separar-nos dos outros animais, aqueles a quem chamamos irracionais, mediante um estranho conceito de racionalidade. Bem vistas as coisas, o Homem, no auge da sua auto-proclamada perfeição e inteligência superior, continua a ser o único animal que bebe sem ter sede e que é capaz de matar por prazer ou mesmo sem motivo. Mas mesmo aí, não deixamos de ser diferentes, nesses pequenos pormenores, um preço a que a perfeição e o progresso obrigam na estrada da evolução. Afinal, qualquer semelhança entre o Homem e o animal é apenas e só pura coincidência. Ou será que não?











Ou será que ainda há coisas tão perfeitas que não vale a pena mudá-las


domingo, novembro 08, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO!...

Almada já começou a preparar o Natal. Pessoalmente, gosto da época, sem qualquer motivo especial para isso, mas gosto. Gosto do espírito, da cordialidade que lhe está inerente, da dádiva. Gosto do brilho nos olhos das crianças e das luzinhas que hão-de vestir a cidade de diferentes cores. Só que este ano fui invadido por uma espécie de saudades da enorme árvore de Natal que enchia de vida o centro da cidade no ano passado - quando ainda havia umas eleições para ganhar -, substituída agora por quatro exemplares mais reduzidos (na foto), mas que abrangem um espaço mais amplo. É bonito, mas não é a mesma coisa. A simbologia da árvore de Natal - para mim - tem a ver com a união. De países, de pessoas, da família, de sentimentos que convergem num objectivo único: trazer felicidade aos outros, àqueles que amamos, mas não só, dar... sem contrapartidas, independentemente de raças, sexos e ideologias. Quatro árvores numa mesma área vão dividir, separar, criar grupos, onde no ano passado se fazia daquela árvore gigantesca um ponto de encontro para conhecidos e desconhecidos, apreciando a sua beleza e a magia daquela espécie de neve que caía sobre nós, reflectida nos olhos dos mais pequenos e dos outros que sem o serem, pareciam regressar ao tempo da inocência. Em Dezembro do ano passado, podíamos passear sob a árvore, havia bancos para as pessoas se sentarem no interior da árvore. Eu passava por lá todos os dias. Só para ver, para assistir à alegria de quem por lá passava, ao deslumbramento que aquilo causava nas pessoas. Era bonito de se ver. Não deixa de o ser, repito, mas são notórios os sinais da crise e algum "deixa pra lá!" de quem não tem agora nada a ganhar e muito menos a perder.

sábado, novembro 07, 2009

QUAL O CÚMULO DO...?

01. Qual é o cúmulo do basquetebol?
Jogar na cesta e acertar no Sábado.

02. Qual é o cúmulo do absurdo?
Um cego falar para o surdo que viu um paralítico fazendo ginástica na praia.

03. Qual é o cúmulo da ignorância?
Abrir a caneta para ver de onde as letrinhas saem.

04. Qual é o cúmulo da rapidez?
Trancar a gaveta e jogar a chave dentro

05. Qual é o cúmulo da rapidez 2?
Ir ao enterro de um familiar e ainda o encontrar vivo!

06. Qual é o cúmulo da paciência?
Assistir a uma corrida de lesmas em câmara lenta.

07. Qual é o cúmulo da paciência 2?
Limpar o traseiro de um elefante com cotonete.

08. Qual é o cúmulo da paciência 3?
Vomitar por uma palhinha.

09. Qual é o cúmulo da revolta?
É morar sozinho e fugir de casa.

10. Qual é o cúmulo do azar?
Ter uma sogra chamada Esperança, pois a esperança é a última que morre.

11. Qual o cúmulo da aventura?
Fazer sexo oral com uma canibal.

12. Qual o cúmulo da economia?
Tirar cera do ouvido e passar no chão.

13. Qual o cúmulo da economia 2?
Usar papel higienico dos dois lados.

14. Qual o cúmulo da escuridão?
Um preto, numa noite escura, vendendo carvão no mercado negro.

15. Qual o cúmulo da globalização?
Uma princesa inglesa e seu namorado egípcio viajavam em um carro alemão dirigido por um motorista dinamarquês que encheu a cara de whisky escocês, sendo perseguidos em alta velocidade por fotógrafos italianos conduzindo motocicletas japonesas. O carro bate em um túnel francês e a princesa é atendida por um médico brasileiro. Ela morre e o seu corpo é levado para a Inglaterra em um avião americano.

16. Qual o cúmulo da magreza?
Deitar-se numa agulha e cobrir-se com a linha.

17. Qual o cúmulo da traição?
Suicidar-se com uma facada nas costas.

18. Qual o cúmulo do vegetarianismo?
Levar a Soraia Chaves para o mato e comer o mato.

19. Qual o cúmulo dos trabalhos manuais?
Tricotar com a linha do comboio.

20. Qual é o cúmulo da ignorância?
Dois carecas lutarem por um pente

21. Qual é o cúmulo do ciúme?
Discutir com a mulher porque só um dos gémeos se parece com o pai.

22. Qual é o cúmulo do ciúme 2?
Discutir com a mulher só porque ela abriu as pernas durante o parto.

23. Qual é o cúmulo da distracção?
Na lua de mel, levantar da cama, deixar 50 euros na mesinha de cabeceira e ir embora.

24. Qual é o cúmulo do incesto?
O irmão depois de comer a irmã: "Mana você é mais gostosa do que a mãe" ela responde: "Eu sei o pai já me falou."

sexta-feira, novembro 06, 2009

FRAGRÂNCIA DAS MEMÓRIAS

Dois anos. Dois? Não pode ser! Parece que foi ontem. Quase que jurava que o sabor daquele beijo apressado, imperfeito e confesso até, desastrado, ainda mora na minha boca, na mesma de onde saíra minutos antes aquelas palavras que nunca esquecerei. Há momentos na vida que não se esquecem nunca. Coleccionamo-los como pacotes de açucar na caderneta das lembranças. Deveriam ser como perfume, para que podessemos guardá-los num frasco e só o abríssemos de vez em quando, sempre que a nostalgia nos invadisse o coração. Quem diz que as memórias não têm cheiro, nem cor ou sabor é porque nunca conheceu a tristeza e a inutilidade de um jardim sem flores. Sem elas, restam-me as lembranças.

segunda-feira, novembro 02, 2009

LOVE ME NOT

Love Me Not é um filme sul-coreano de 2006 sobre pecado e redenção. É um filme duro que nos enternece, um filme de promessas nunca concretizadas, no que ao amor e à maldade dizem respeito, se exceptuarmos a dívida - essa sim levada até ao fim -, que acaba por ser a mola impulsionadora de toda a história dramática protagonizada por dois brilhantes actores sul-coreanos, um convincente Ju-Hyuk Kim (My Wife Got Married, Blue Swallow ou When Romance Meets Destiny) e uma das faces mais magnetizantes do novo cinema coreano, Moon Geun Young (Innocent Steps, My Little Bride ou A Tale of Two Sisters), sublime no papel de uma jovem cega num mundo cheio de maldade. À imagem da própria vida, o filme foge aos moralismos piegas de outros filmes, onde o arrependimento quase sempre se mostra suficiente para que tudo termine em bem. Apesar de tudo, Love Me Not é um filme onde a beleza rude de algumas imagens chega a ser poética e os sentimentos dos personagens divergem quase sem se dar por isso, num conflicto de valores onde a falta de amor é comum a todos os intervenientes.







domingo, outubro 25, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO!...

Semana quente, com Saramago e a Igreja em acesa polémica envolvendo o novo livro do escritor, Caim, a motivar as mais variadas e acesas reacções de vários outros quadrantes da sociedade, políticos, imprensa falada e escrita (blogosfera inclusive). Disse o Prémio Nobel, entre outras coisas, que "o Deus da Bíblia não é de se confiar, é má pessoa e vingativo" ou que "Na Bíblia há incesto, (...) é inegável. Não existiria este livro se o episódio de Caim e Abel não estivesse na Bíblia, onde se mostra a crueldade de Deus. Não se deve ter confiança no Deus da Bíblia", declarou o escritor português durante a apresentação do seu mais recente livro, Caim, que acrescentou: "não esperava reacções dos católicos porque eles não lêem nem a Bíblia (...) Quem vai ler um livro desse tamanho?". No debate televisivo de sexta-feira com o teólogo Carreira das Neves e, apesar de ter defendido aquilo que disse e o que vem no seu livro, admite ter-se excedido quando chamou "Filho da p..." a Deus.
As reacções não se fizeram esperar. O eurodeputado Mário David foi o mais crítico, chegando a dizer que sentia vergonha de ser compatriota do escritor e que este devia cumprir o que dissera sobre a possibilidade de renunciar à nacionalidade portuguesa, palavras consideradas "inquisitórias" segundo Edite Estrela. Já Manuel Alegre defende a ideia que esta celeuma não passa de "uma história portuguesa cheia de preconceitos e fantasmas. Em primeiro lugar é preciso ler o livro de José Saramago. Ele é um grande escritor, mas parece que não se perdoa a Saramago, ser um grande escritor da língua portuguesa, ser um Prémio Nobel e não ser um homem religioso", afirmou."Ele escreveu um livro, mas não vejo ninguém discutir o livro. Só vejo discutir as opiniões que com todo o direito ele expressou sobre a Bíblia. (...) As pessoas podem não estar de acordo com aquilo que ele diz, mas como é que se pode pôr em causa a seriedade de um homem que diz aquilo que pensa", questionou ainda Alegre.
De tudo o que se passou penso que:
a- Não sou uma pessoa crente, pelo menos em relação aos valores da Igreja, seja ela qual for. Já aqui questionei por mais de uma vez os fundamentos e os frágeis alicerces em que se sustenta a fé cristã e os seus valores e comportamentos, bem explícitos no livro mais vendido e mais lido da história da humanidade.
b - Com as críticas de Saramago, foi sem surpresa que as altas instâncias da Igreja se fizeram ouvir, incomodadas e sobressaltadas de cada vez que alguém ousa exprimir opiniões ou ter comportamentos adversos aos da sua própria doutrina, como se ela ainda tivesse o poder de decidir aquilo que devemos pensar ou fazer, como se ainda pudesse boicotar livros, filmes ou espectáculos musicais, sob a ameaça de mandar prender e torturar os hereges, como na época da Inquisição.
c - José Saramago expressou a sua opinião, como José Rodrigues dos Santos no seu "Fúria Divina", em que apresenta o Alcorão como forma de incitação à guerra. Qualquer delas, como obra literária de ficção, podem expressar ou não a 100% as opiniões dos seus autores. Vivemos numa época em que toda a gente tem o direito de se expressar, de emitir as suas opiniões por mais controversas que sejam.
d - O Prémio Nobel português disse que a Igreja é um negócio, - um negócio muito bem gerido, a exemplo da própria carreira de Saramago, de instituições de solidariedade, da Cruz Vermelha Internacional e muitas outras respeitadas organizações acima de qualquer suspeita. Disse que em nome de Deus se mataram e torturaram milhares de pessoas. Só se esqueceu que a Bíblia não é apenas um livro de contos e histórias de vinganças e de sangue. Ela é também um veículo de fé para milhões de pessoas. Foi não só a Instituição - e em Anjos & Demónios, bem no final, diz-se que a Igreja não pode ser perfeita, porque é gerida por Homens e os Homens não são perfeitos - mas também todas as pessoas, todos esses seres imperfeitos, católicos ou não, que num dado momento das suas vidas já precisaram da religião, na forma da fé e da crença, para se erguerem da desgraça e continuarem as suas vidas, para uma cura milagrosa de um ente querido, por um amanhã melhor, que Saramago, no seu direito à expressão, não apenas criticou como ofendeu. Ofendeu Deus, ofendeu a Igreja e aqueles que crêem em algo que a razão persiste em não explicar, a fé.
d - Dizer que o fez para promover o seu novo livro ou por pura arrogância de quem sempre gostou de atitudes sobranceiras e provocatórias é pura especulação. Dizem que não precisa e eu, puro e completo ignorante sobre a sua obra, acredito e respeito, com tanta ou mais educação do que aquela que teve o escritor em relação a um tema delicado do qual não avaliou correctamente todos os efeitos colaterais.
e - Em conclusão, foi mais uma pseudo-guerra motivada uma vez mais pela falta de respeito de várias pessoas que, pela sua relevância social deviam ser mais comedidos e educados, pela falta de bom senso em relação a um tema delicado e passível de, à mínima palavra mal medida gerar incontroláveis danos colaterais. Quando é que as pessoas se convencerão que essa conversa de guerra dos sexos, choque cultural, conflitos étnico-religiosos é tudo uma falsa questão, uma treta e que as diferenças ideológicas ou de outro tipo qualquer não têm forçosamente de nos afastar? Homem e mulher, pólo positivo ou negativo, princípio e fim, branco ou preto, côncavo e convexo, fazemos todos parte do mesmo puzzle, pois se são as semelhanças que nos fazem irmãos, as diferenças tornam-nos amantes.

segunda-feira, outubro 19, 2009

ASSUSTADOR

Ainda na semana passada, um emigrante português foi encontrado, já morto, sentado num cadeirão, na sua casa nos arredores de Paris, no seguimento de uma chamada anónima a partir de uma cabine telefónica em Poissy. Até aqui, nada de extraordinário, não fosse o facto de José Gomes Macedo, de 62 anos e natural de Vila Verde, estar assim desde 2007. Não era a primeira vez que os vizinhos se queixavam do cheiro, mas até agora nunca ninguém tinha entrado no apartamento de José Macedo, cuja renda continuava a ser paga todos os meses através de transferência bancária. Na caixa de correio havia correspondência por retirar desde 2007 e, segundo o jornal "Le Parisien, foi encontrado no frigorífico um iogurte com data de Novembro de 2007. Este caso retrata fielmente o maior flagelo deste século: a solidão. As pessoas vivem a correr, sem tempo para "cultivar" relações, vivem em prédios enormes com vizinhos que são pouco mais que perfeitos desconhecidos. Mesmo em família, as refeições já não são motivo de reunião entre os seus elementos, pela falta de interesses comuns, pela escassez de disponibilidade de tempo ou por outros motivos. Há casais que apenas se encontram no meio de turnos, quando um se vai deitar e o outro está a acordar. José era casado ainda, vivendo a sua esposa em Vila Verde. Mais preocupantes ainda, os casos daqueles que não têm família, nem amigos que se preocupem, que se importem com a sua ausência, sombras que deambulam pelas ruas sem que ninguém repare, senão quando nos estorvam o caminho, ou a sua visão ou o cheiro nos incomoda tanto que é impossível não darmos por eles. O mundo actual é egoísta, insensível, vazio de solidariedade e um simples "Bom dia, tudo bem?" é cada vez menos que um cumprimento entre conhecidos, mas uma formalidade sem significado. "Não quero nem saber se estás bem ou não, se as coisas vão mal no teu trabalho, se a mulher ameaçou deixar-te ou se os últimos exames médicos te deixaram assustado! Eu simplesmente não tenho tempo para os queixumes dos outros!". Numa época em que até as amizades são cada vez mais virtuais a solidão é uma ameaça bem real e assustadora.

quinta-feira, outubro 15, 2009

CHAMEM O DUKE!

Tempos difíceis os que vivemos, pensei para comigo mais que uma vez durante as últimas 24 horas. Já lá vai o tempo em que o herói podia dar uma valente sova aos maus da fita e toda a gente ficava feliz. Menos os ditos maus, claro está. Mas com esses ninguém se importava. Outros tempos, outras mentalidades. No tempo do Duke, o xerife prendia os vilões e entregava-os aos juízes, que nessa altura tinham o estranho hábito de os condenar. Tempos houve em que erguer os punhos para defender a honra de alguém ou para socorrer gente indefesa era considerado meritório, mesmo que para isso tivesse de partir umas quantas cabeças e braços, partir a mobília de um café ou deixar um rastro de carros totalmente destruídos atrás de si, enquanto a população nos aplaudia frenéticamente. Era um tempo em que os pais podiam ainda bater nos filhos de vez em quando, para os castigar, mas em que nenhum homem batia numa mulher, porque homem que fosse homem não batia nunca numa mulher, nem levava. Eram anos em que as mulheres ainda usavam saias ou vestidos, tinham vaidade na sua condição feminina e deixavam-nos acreditar que eramos nós que mandávamos. Os professores tinham tempo para ensinar e de vez em quando ainda puxavam da régua, os polícias mantinham a ordem, ou porque os respeitássemos ou porque os temessemos. Ainda não havia a ASAE e o Martinho da Arcada já era frequentado por uma élite de pensadores que morreria de vergonha se visse no que o Homem se transformou. A carne, nessa altura, tinha sabor a carne e a selecção portuguesa, embora perdendo mais do que ganhava, só tinha portugueses e jogava-se - imagine-se o disparate - com amor à camisola. Mas os tempos evoluíram, os Bogarts passaram a ser encarados como dinossauros em vias de extinção e o Homem rude e de pavio curto deu lugar a uma geração de Oscar Wildes ou Woody Allens, onde pensar vinha sempre antes de agir. O Homem moderno e civilizado, diziam. Um Homem com sentimentos, que suspira ao jeito de um José Castelo Branco, um defensor de mil e uma causas mas que não levanta um dedo que seja para defender as suas causas, um revolucionário que usa as palavras - ou os cravos - como arma. Ontem estava no café a tomar o pequeno-almoço quando fui interpelado por um garoto, desses romenos ou sem-pátria que andam para aí sem trabalhar e a impregnar o nosso ar com a falta de higiéne deles. A minha mãe disse-lhe que não estava interessada no que quer que fosse que ele estivesse a vender, no que foi rápidamente imitada e ridicularizada por ele. Não sei se nestes estranhos tempos que correm existe alguma desculpa plausivel para a violência, mesmo que seja para defender a honra de um familiar quer fosse para salvar alguém em apuros. Sei que perdi a cabeça e a noção de civísmo. Levantei-me, peguei no energúmeno e lancei-o para fora do café. Só que ao contrário das palmadas nas costas que o Duke receberia, as poucas pessoas ali presentes viraram a cara para que não visse o esgar de incómodo que a minha reacção lhes causou. Bolas, pensei! É triste quando um homem não pode coçar os tomates em público ou ter uma atitude à homem só porque o Homem moderno não age, apenas pensa. Se calhar devia tê-lo convidado para tomar um café e uma sandes de pão com fiambre. Agora compreendo melhor a frustração de um polícia quando um puto qualquer o injuria e calunia em público e ele tem de ouvir e calar, porque se calhar ainda é capaz de ir preso se lhe incutir um pouco de educação à boa maneira antiga. Mas isto sou eu ainda a remoer e a divagar sobre coisas vagas que não interessam mas que me deixaram a pensar.

quarta-feira, outubro 14, 2009

PENSAMENTO DO DIA


"O problema de ser pontual é que não há ninguém lá para elogiar você"
Franklin P. Jones

terça-feira, outubro 13, 2009

E PULGAS, PODE?

Já à muito que se esperava, mas só hoje entrou em vigor uma portaria que impede a compra pelos circos de novos animais ou a reprodução dos já existentes. Os circos que abrilhantaram alguns dos momentos mais felizes da nossa infância ou dos nossos filhos parecem condenados a transformarem-se numa memória longínqua, se lhes retirarmos os elefantes, os macacos, os leões e os tigres que nos punham num delicioso suspense, os ursos, as focas malabaristas, etc etc etc...
Victor Hugo Cardinali garantiu ao Correio da Manhã que respeitará a lei, mas tudo fará para a combater. "Esta portaria não foi aplicada em nenhum país da Europa. Fazemos parte da Associação Europeia de Circos e vamos lutar contra esta lei", assegura, reconhecendo dificuldades: "Alternativas são poucas. Se o circo funcionasse sem eles, até preferia, pois teria menos despesas". Miguel Chen, por sua vez, responde com ironia: "Quem fez a portaria esqueceu-se de mandar fabricar preservativos para os tigres." A portaria contém uma lista de espécies que só podem ser detidas por parques zoológicos, empresas de reprodução autorizadas e centros de recuperação de espécies apreendidas. E os circos não estão entre as excepções. Evidentemente, tenho a minha opinião sobre o assunto, ponderada cuidadosamente, medindo os prós e os contras desta decisão, que penso envolver mais do que a preocupação com os animais, generalizada não apenas entre os defensores desta medida como entre os outros. Preocupando-me, não tenho forçosamente de ser contra os circos com animais ou, noutro âmbito, contra as touradas, sejam ou não de morte. Em vez desta posição radical, porque não uma maior fiscalização às condições em que os animais estão sujeitos nos circos e multas quando for caso disso? Ainda com muita "água" certamente "por correr debaixo da ponte", os circos continuarão a fabricar magia, com os trapezistas e os palhaços, com os mágicos, cativando miúdos e graúdos, mas não será a mesma coisa. Faltará sempre algo que, juntamente com todas as outras peças desse enorme puzzle de emoções, faz do circo o maior espectáculo do mundo.

sábado, outubro 10, 2009

EVASÕES

Esperemos que a Hungria de hoje se revele tão doce como a modelo Orsi Feher, este belo exemplar da magia magiar, à alguns anos radicada entre nós. O sobrenome denuncia o seu parentesco com o malogrado Feher, ex-jogador do Benfica, Porto ou Braga. Pena a sua simpatia pelo clube da águia, mas de outra forma seria a perfeição total e como não há bela sem senão...















LENÇÓIS DA ALMA


Quem me dera ver-te sempre assim vestida
de promessas diáfanas, alimentar o ego perverso
nos caminhos descobertos da tua vaidade cuidada;
quem me dera poder guardar-te, cativa, quase humana
na memória fotográfica de um tempo por mim inventado,
resgatar-te devassa e submissa
no strip emocional de uma entrega despudorada e fictícia;
quem me dera poder passear a teu lado, mão na mão,
o teu beijo na minha boca, a minha língua nos teus ouvidos
soprando promessas que a mais ninguém confesso.
Quem me dera sentir a inveja mal-contida
nos olhos víperinos das fêmeas, o desejo
dos homens que passam e olham p'ra trás, p'ra ti;
quem me dera não sentir ciúmes dessas horas, tantas
em que dizes querer estar só e desses, tantos
que a todos beijas e a que chamas somente amigos.
Quem me dera poder um dia navegar indolente
no mar sem fim dos teus cabelos,
exercitar neles o tacto, tomar-lhes o gosto e o olfacto,
frondosas ondas que rebentam nas minhas mãos
em ávidos espasmos de desilusão.
Quem me dera descobrir um dia o anêlo sôfrego
dos teus lábios,
untar os meus dedos no mel da tua chama,
espalhar o meu veneno no teu corpo como unguento,
desfalecer no céu do teu colo sem um único lamento
à distância inultrapassável de dois dedos de conversa,
de um monólogo devasso tantas vezes decorado
no silêncio indiscreto do meu quarto,
onde a ideia de um desejo do teu corpo abandonado
se passeia e me desafia dia após dia, atrevida,
na penúria exaustiva das minhas noites brancas,
ousando as barreiras da imaginação, rasgando
os lençóis da alma...
e o tecido do colchão.

GRÃOS DE AREIA


Às vezes basta um segundo,
um olhar breve, todavia intenso,
às vezes um segundo que se perde impreciso,
pendente entre o coração e a razão,
esvai-se a felicidade como grãos de areia
por entre os dedos de uma criança.


(um segundo mais e já é tarde)

À ESPERA

Há quem graceje e ria a cada instante
enquanto eu penso em palavras que nunca digo,
há quem corra de encontro à vida
enquanto eu fico parado à espera
por alguém que nunca chega.


NOBEL DA PAZ

Barack Obama foi galardoado ontem com o Nobel da Paz, pelo seu empenho na melhoria das relações internacionais. Ao contrário do que alguma imprensa revela, não me parece que tenha havido qualquer surpresa nesta nomeação, considerando o pouco tempo que o Presidente norte-americano leva no seu cargo e as medidas que já tomou, não só a nível interno como externo. É cedo para tirar ilações dos efeitos destas medidas, mas no campo das promessas e das boas intenções, o Presidente moreno - como Berlusconi o apelida - tem gerado à sua volta um entusiasmo e uma crença raramente vistas. E sabe-se que só a união de esforços, essa energia positiva que vem da fé, não religiosa, mas das nossas capacidades - lá está o famoso "Yes, we can!" - é capaz de superar a crise e originar mudanças. Obama sabe disso. Sabe que sozinho será apenas mais um cujas palavras serão levadas pelos ventos da descrença e da passividade. Por isso, na hora de agradecer, refutou o seu mérito, embora confessando-se orgulhoso e atribuiu-o ao seu País. O novo Nobel da Paz sabe jogar com as palavras tão bem como com os sentimentos. Consiga ele usar esse poder aliado ao outro que só um país como o seu lhe confere, em prol de um mundo melhor, de uma mudança de mentalidades que extravase as fronteiras dos Estados Unidos, e a palavra Futuro passará a fazer sentido, não só para nós como para as gerações vindouras.

sexta-feira, outubro 02, 2009

3 NOITES, 3 FILMES

Terminei esta manhã uma série de três noites de serviço, pelo que por esta hora estou quase a deixar-me vencer pelo sono, não sem antes colocar a escrita em dia no que a este blogue diz respeito. Confirmei uma vez mais, ser também este turno aquele que me proporciona ver mais filmes, felizmente, todos eles tendo conseguido superar as minhas expectativas e cumprir os seus objectivos de proporcionarem umas horas bem passadas. Começo pelo retorno da saga Star Trek, que tiveram em mim um acérrimo adepto, aquando dos primeiros filmes da série de culto. Esta nova aventura "pega" nos personagens da primeira série - para mim os melhores - e leva-nos ao início das aventuras de James T. Kirk, mr.Spock ou Bones. Com o inesquecível Leonard Nimoy, a entrar no filme, o resultado deste novo episódio da nave Enterprise e da sua tripulação consegue satisfazer os saudosistas e não só, revelando-se um bom filme de aventuras espaciais capaz de não deixar ninguém indiferente, entre novos e velhos.



Romance À Longa Distância, já aqui por mim mencionado, é o típico filme de amor que parte do efeito de contrastes. Aqui não se trata da diferença de classes, do clássico rapariga pobre vs rapaz rico ou vice-versa, mas da diferença de culturas, tão distintas entre si quer a nível de riqueza como no que concerne à força das tradições no meio familiar. Jesse Metcalfe não está mal no papel de um agente publicitário playboy, em luta por uma grande conta, mas a verdade é que a doçura do sorriso e do olhar da indiana Shriya Saran enchem o ecrã e deixam-nos a sonhar com uma viagem ao outro lado do mundo.



Do outro lado do mundo, mas do Japão, chegou-me às mãos este Heavenly Forest que conta básicamente a história de um trio amoroso no seio de um grupo de estudantes da mesma escola. Makoto (Tamaki Hiroshi) é um rapaz tímido atraído por Miyuki (Kuroki Meisa), a rapariga mais bonita da turma e por quem parecem estar todos interessados, reduzindo o seu sonho a uma espécie de missão impossível. Por fim, a completar o trio surge Shizuru (Miyazaki Aoi), uma espécie de Betty Feia asiática obcecada por Makoto, que a ensina a fotografar. O que parece ser apenas mais uma banal história de amor torna-se gradualmente num belíssimo filme capaz de levar às lágrimas os mais incautos, com o magnetismo de Miyazaki Aoi a roubar positivamente o protagonismo do filme, mostrando-nos que os patinhos feios podem virar cisnes e que o amor pode efectivamente matar. Outro belo exemplo do bom cinema asiático, um mercado que insiste em ser ainda um parente pobre no meio nacional.


quinta-feira, outubro 01, 2009

NÃO TE QUERO

Se eu soubesse sonhar, sonhava-te
mas eu já não sei como
nem como fazia para amar
se é que um dia eu cheguei a amar.
Por isso já não sonho
já não amo, vivo ou luto.
Eu simplesmente aceito.
Vivi em tempos na ânsia de sonhos dourados,
embriaguei-me em ilusões desfeitas
escritas a sangue p'la amarga pena do destino.
Por isso não te quero amar
não te quero querer, embalada
nos braços de uma ilusão.
Por isso não quero nem sonhar,
e porque não sonho não vivo
e porque não vivo não sofro,
não sofro porque não te quero
e se não te quero perco-te
e se te perco...
não me encontro.

quarta-feira, setembro 30, 2009

EVASÕES


Shriya Saran nasceu a 11 de Setembro de 1982, em Haridwar, na Índia. Aos 27 anos, esta belíssima actriz, praticamente desconhecida em Portugal, já entrou em vários filmes, quase todos falados em dialectos indianos. Podemos desfrutar da sua presença no divertido e romântico filme The Other End Of The Line, título original de um dos seus dois trabalhos em inglês e prestes a estrear no mercado nacional.

sábado, setembro 26, 2009

BE WITH YOU

Be With You é um filme Japonês de 2005 e basta uma olhadela atenta ao seu título para compreender a sua mensagem, aquilo que é realmente importante. Ele conta a história de Takumi, que vive sozinho com Yuji, o seu filho de 6 anos, depois que a sua jovem esposa faleceu. A vida não é fácil para ele, duvidando não ser capaz de dar a melhor educação para o filho e de não ter amado Mio o suficiente. O desenrolar desta história dá-se a partir de um livro deixado pela sua mulher, em que fala do seu regresso durante a época das chuvas, motivo para que tanto pai e filho acreditem que voltarão a ser uma família completa e feliz. No final, duas ideias ficam no ar: a de que devemos sempre arriscar a dizer o que sentimos e não refugiarmo-nos no medo de não sermos correspondidos e, não menos importante, por muito curto que seja o tempo dedicado ao amor e à felicidade, devemos vivê-lo. Um mês, dois, três meses podem muitas vezes significar uma vida inteira e valer bem mais que anos e anos escondido à sombra dos sentimentos sem recordações que nos lembrem que houve um dia... fomos felizes.

quinta-feira, setembro 24, 2009

JUSTIÇA À PORTUGUESA

Durante mais de duas semanas, um homem trocou mensagens por telemóvel com alguém que pensava ser uma rapariga. No passado mês de Julho, os dois combinaram encontrar-se, para o que prometia ser um encontro sexual escaldante. O rapaz, estudante, de 22 anos aceitou a sugestão da rapariga para que o encontro ocorresse na casa de banho de um posto de abastecimento de combustíveis, em Oliveira do Bairro e ele não via a hora de a poder ver à sua frente, ao vivo e a cores. Quando lá chegou, foi surpreendido por dois homens armados com uma faca. Em vez de sexo, o rapaz foi agredido e assaltado. Levaram-lhe o computador portátil, o telemóvel e alguns trocos. Entretanto, os ladrões foram detidos esta semana pela Polícia Judiciária de Aveiro. Um dia depois foram postos em liberdade pelo juíz, com apresentações periódicas à polícia. Segundo o que saiu nos jornais, o estudante ainda não recuperou qualquer dos objectos roubados. Este é o país que o nosso governo defende ser seguro, esta é a justiça que temos, em que as guerras entre magistrados e governo se sobrepoem à segurança do cidadão comum. Este é o país onde ainda ontem uma jovem enfermeira, à saída do Hospital e no parque de estacionamento, foi raptada - enquanto falava ao telemóvel com a mãe - e mais tarde violada. Enquanto isto acontece bem perto de nós, a caravana das eleições continua a passar, com a mesma falta de propostas a que já nos acostumaram, entretidos que andam a difamar uns e outros em discursos próprios de gente sem educação e sem responsabilidade quer política quer moral.

quarta-feira, setembro 23, 2009

QUAL O VALOR DE UMA CONSCIÊNCIA TRANQUILA?

A história conta-se em poucas palavras. Ontem, uma padeira de Penafiel, encontrou 9300 euros ao sair de casa para ir fazer a entrega do pão. 3600 estavam espalhados pela rua, em notas e o resto dentro de uma pasta. De imediato, chamou a GNR, que fez chegar tão avultada quantia ao seu verdadeiro dono.
O que faria você numa situação semelhante? É difícil dizer o que eu faria, certo de que 9300 euros resolveriam todos os meus problemas imediatos, além de permitir pôr em marcha alguns planos sempre adiados mas não esquecidos. Decerto que muita gente, ao tomar conhecimento de uma história destas não deixa de criticar a honestidade da senhora, que tomou uma decisão tão pouco vulgar nos tempos que correm. A verdade é que não me lembro de uma decisão tão caricata e tão vazia de bom senso desde outro episódio envolvendo também uma padeira, mas esta em Aljubarrota.