
Chuva
Há 3 dias
Porque na vida nem tudo é branco ou preto, bom ou mau, verdade ou mentira. Porque a vida não tem necessariamente de ser aquilo que parece, este é o meu espaço, onde guardo os meus sonhos e desilusões, resquícios de uma vida à espera de ser vivida.
Lisboa foi hoje uma cidade bastante movimentada, pois, além da inauguração do túnel do Marquês e dos festejos inerentes ao 25 de Abril, também se verificaram algumas manifestações contra a exclusão social dos imigrantes, que tiveram o seu ponto alto a quando da passagem junto ao já famoso cartaz do PNR, que teve de ser protegido por elementos da PSP. Vamos pois deixar de brincar ao nacionalismo bacoco e gratuíto, respeitando as diferenças de quem é, afinal, igual a qualquer um de nós, seja branco, preto ou amarelo. Vamos deixar de fingir que respeitamos e toleramos diferenças sexuais que nos são estranhas, quando a sós ou com os amigos fazemos piadas grosseiras mal-disfarçadas e que provocam mal estar nas pessoas visadas. Ser homossexual, lésbica ou mesmo transsexual, não é uma doença.
É uma escolha, um direito que temos de respeitar. Não é esse respeito pela diferença, pela liberdade de escolha, um dos mais altos valores apregoados pela democracia e pela revolução de Abril de 74? A liberdade não nos trouxe apenas direitos, ao contrário do que muita gente pensa. Hoje confunde-se sistemáticamente liberdade com abuso, quando nos valemos dos nossos direitos para "atropelar" os direitos dos outros, numa manifestação contínua e crescente da má formação dos portugueses. Estamos hoje menos tolerantes que no período negro do fascismo. Deixámos a prosa e a poesia para trás, os livros, por uma verborreia que nada significa, de ofensas e palavrões; trocámos valores por belas de cabeça oca e mestres indigestos, por ídolos de pés de barro. Perdemos o vinho pela cerveja e até o fado, tão nosso, pela pop de letra fácil, "yeah yeahhh na na nana, yeah yeahhh yeah na na nana...". A Ditadura morreu, Viva a Liberdade!


Porém, e tal como o Sol, que quando nasce não é para todos, também o azar não bate à porta de qualquer um. Não na de Cristiano Ronaldo, que, ao renovar hoje, sexta-feira 13, com o Manchester United, passou a ser o jogador mais bem pago do mundo, ganhando qualquer coisita como 900 mil euros por mês. Só eu não tenho um azar assim!...
Confesso que não morro de amores pelos Gato Fedorento, e não apenas pela sua conotação com o Benfica, mas não posso deixar de insurgir-me contra as ameaças de que são alvos, desde a colocação - ilegal - do cartaz deles, em que fazendo uso de um humor satírico, apelam à imigração. Este cartaz, acrescente-se, foi colocado lado a lado do outro, - já aqui mencionado - do PNR, de sentido completamente oposto. Goste-se ou não dos Gatos, goste-se ou não do fluxo de imigrantes que tem vindo a entrar no nosso País, goste-se ou não de quem os crítica ou de quem os defende, haja respeito! Haja respeito pelas pessoas, pelos Gatos, pelos militantes do PNR - que não podem ser todos conotados com o cartaz da polémica -, e haja, principalmente, respeito pelos imigrantes, que abandonaram as suas casas - algumas destruídas pela guerra -, os seus amigos e família, em busca de oportunidades e de sustento para os seus. Nem todos temos as mesmas opiniões e todos os dias exprimimos acérrimamente as nossas razões, seja pelo futebol, pela política, por "n" coisas em que discordamos. Agora, radicalizar, como alguns energúmenos que, escondidos sob o manto cobarde do anonimato, proferiram ameaças mortais aos elementos dos humoristas e às famílias deles, isso é que não, ou tudo aquilo por que nós e os nossos pais lutaram e que teve o seu ponto alto no 25 de Abril - o direito de expressarmos livremente as nossas opiniões - terá sido em vão. Discordar sim, ofender e ameaçar nunca!