Chuva
Há 3 dias
Porque na vida nem tudo é branco ou preto, bom ou mau, verdade ou mentira. Porque a vida não tem necessariamente de ser aquilo que parece, este é o meu espaço, onde guardo os meus sonhos e desilusões, resquícios de uma vida à espera de ser vivida.




Mudam-se os tempos..., como escreveu um dia o nosso ícone da poesia, Luís de Camões, frase que aproveito hoje para relatar um episódio ocorrido ontem de manhã, numa papelaria no centro de Almada, entre um homem de idade e dois escuteiros. Entrei eu para comprar o jornal, logo seguido desse senhor, que foi interpelado por dois jovens dessa nobre instituição que desde muito novos aprendemos a respeitar, por formar mentalidades e incutir os príncipios básicos de educação e cidadania nos nossos jovens. Esses escuteiros pretendiam vender algo ao idoso, de forma a angariar receitas para a associação, ao que o homem lhes respondeu que não comprava por não saber ler. Um dos rapazes insistiu, alegando que era por uma boa causa, tendo o homem voltado a dizer que não estava interessado e, pensei eu, a conversa ficaria por ali. Mas não. Persistente e pior que isso, mal educado, o jovem retrucou que "se não sabe ler, porque é que vai comprar o jornal?". Não quero acreditar que seja esta a educação que dão aos escuteiros nos dias de hoje, esperando que, isso sim, se trate de um caso particular entre os escuteiros, mas infelizmente normal, de má formação de toda uma sociedade, num país que já foi de poetas e onde agora impera a falta de respeito, de boas maneiras e costumes e um vocabulário sem graça, amoral e ofensivo.








As minhas sugestões de hoje são dois filmes que eu tive oportunidade de ver - ou rever - já nos primeiros dias de 2007. Já tinha visto Tróia, com ideias pré-concebidas que felizmente se revelaram incoerentes, tal a qualidade do filme e a interpretação de Brad Pitt, Orlando Bloom ou Eric Bana. Tróia, é um filme histórico, que faz referência a muitas das histórias que fazem parte do universo imaginário dos nossos primeiros anos, desde o calcanhar de Aquiles ao cavalo de tróia. Se nos conseguirmos abstrair de que nem todos os factos ou ordem cronológica dos acontecimentos são fiéis, temos um excelente épico que nos vai entreter e empolgar durante um bom par de horas. O segundo filme, Cala-te!, em português, é pura diversão, com dois dos grandes nomes do cinema francês recente, Jean Reno e Gerard Depardieu, a fugirem da polícia e dos maus da fita, a quem Reno roubou uma grande quantidade em dinheiro. Uma comédia simples, que vive da química impressionante entre os seus dois protagonistas, com vários gags em que o mais díficil será mesmo controlar o riso. Pena o final, um pouco "à pressão".
Não há passagem de ano em que não se façam desejos de prosperidade, em que não se peça mais saúde e felicidade para nós e para os nossos, não esquecendo os votos habituais de paz no mundo, menos fome e uma melhoria substancial no problema da camada de ozono. Comem-se as doze passas ao ritmo das últimas badaladas do ano, empurradas por uma taça de champanhe, que na maior parte das vezes não passa de um espumante barato. A verdade é que pouco ou nada muda e mesmo os nossos propósitos mais determinados em contribuir para um mundo melhor vão esmorecendo num ritmo frenético à medida que o stress do dia-a-dia vai tomando conta de nós. Infelizmente - e com a nossa ajuda - vai continuar a haver crianças a morrerem à fome, idosos perecendo antecipadamente no estertor frio da solidão. Vão haver mais guerras, mais aumentos do custo de vida, um crescendo significativo dos níveis de poluição do ar. Hoje, primeiro dia de 2007, a Bulgária e a Roménia passaram a ser integrantes de pleno direito da comunidade económica europeia, retirando-nos do papel de parente pobre da Europa, que se nos devia envergonhar, dava-nos o direito a uma mão cheia de subsídios para o desenvolvimento, que esbarravam sistemáticamente no fundo largo dos bolsos de uma pequena minoria abastada. Dentro de poucos dias teremos os ciganos da Roménia e da Bulgária de regresso às nossas ruas, com os seus odores peculiares e costumes, que não auguram nada de bom. Festejar-se-ía ainda hoje cinco anos da moeda única, caso não tivessemos ficado com menor poder de compra desde que o Escudo cedeu o seu lugar ao Euro. Ah, faz também hoje treze anos desde que me tornei efectivo no meu emprego.