quarta-feira, julho 12, 2006

6 - CULMINAR PERFEITO D'UM DIA IMPERFEITO

18.20, todos a seus postos dentro do autocarro, mas nada de saírmos do mesmo lugar. Os profetas da desgraça começam a comentar e eu não quero acreditar no que eles dizem. Dizem que o autocarro não tem direcção e de cada vez que olho pela janela vejo uma guia apressada, de pá na mão, a apanhar areia do chão. Mau!!! 18.26. Afinal não era nada demais, sossega-nos o condutor, levemente abespinhado pelos comentários que corriam entre os passageiros. Qual direcção qual quê! Tão somente uma ruptura no tubo do óleo, pelo que deveríamos ser pacientes, pois que o autocarro seria obrigado a ir um pouco mais devagar. Nada mais que isso! Devagar, devagarinho, quase parado, foram as três velocidades do autocarro durante a viagem de regresso. Até que, à primeira curva mais apertada, íamos subindo um passeio e entrando para dentro de um quintal. O esforço do condutor em cada curva era por demais evidente e ele teve de se render às evidências. Falou do sacríficio que a condução lhe exigia e que, desse por onde desse, nos levaria sãos e salvos ao encontro de outro autocarro que entretanto saíra de Alverca. Estranhamente, as suas palavras foram saudadas com incentivos de agradecimento e palmas, além de uma gratificação generosa para a qual contribuí, pois que, quando toca a dar - todos nos queixamos - mas ninguém quer ficar atrás dos outros. Logo depois, errou o caminho, levando-nos a um trajecto mais longo através das casinhas brancas da Nazaré. 19.30, o autocarro não aguenta mais e somos forçados a parar num posto de serviço na zona de Óbidos, onde esperámos pela outra viatura durante uma hora. Fim de sofrimento? Desenganem-se! A hora e meia que durou o resto da viagem foi de um penoso sacrifício, desde que o condutor chamou para o seu lado o tal velhinho de 94 anos e meio, com o objectivo de nos entreter, mas que, depois de um início auspicioso começou a tornar-se insuportável, levando a que alguns dos passageiros exigissem que este se calasse. Pelas 22.00 consegui chegar a casa, psicológicamente extenuado e sem vontade de voltar a ouvir falar tão cedo em outros passeios do género. Ah, a agência, cujo nome tenho andado propositadamente a omitir, responsável por este tipo de eventos é a Mr.Charly. Não serão eles, concerteza responsáveis pelo estado em que se encontram certos autocarros, nem pelas atitudes temerárias e insensatas de alguns condutores, ou pelas faltas de respeito para com os programas, da parte de alguns dos clientes, de modo que não os pretendo críticar. No fim de contas, o que são 9 euros para a viagem, almoço, passeio pela praia e sardinhada com baile e música a acompanhar?

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