quinta-feira, dezembro 15, 2005

JÁ NÃO HÁ


Já não há tempo para sonhar, não há castelos de areia junto ao mar nem cavalos de madeiras, daqueles, onde nas praias da minha infância se tiravam às crianças fotografias a preto e branco. Já não há fado castiço, não ha Alfredo, não há Amália, há má fama em alfama. Já não há cowboys, heróis de capa e espada, Sandokans. Hoje todos são bandidos, ninguém mais quer ser mocinho. Já não roda o pião, não desce o aro rua abaixo, já não grita o ardina de saco às costas as novas do dia. Já não há beijos às escondidas, nem olhares mais corados, já não há varinas, calaram-nas, às varinas que à porta nos traziam pregões e sardinhas fresquinhas. Já não há poesia como Camões a escrevia, nem colecções de caricas, nem vitórias europeias do Benfica. Já não há idade para a inocência, não há mais virgens no altar, não há nada... nada mais que a saudade.

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