terça-feira, outubro 14, 2008

SABIA QUE...



Reece Fleming, natural de Derby, em Inglaterra, é pouco mais que um mero desconhecido para a maioria das pessoas. A sua história, infelizmente curta, foi suficiente para levantar algumas questões pertinentes, a primeira das quais a prova conclusiva de como hoje os casamentos são vistos de uma forma quase futil e resultantes de um desejo muitas vezes intempestivo de que muitos se arrependem depois. Toda a gente se casa hoje - menos os gays - e raramente o fazem "até que a morte os separe".
Reece tinha apenas oito anos e sofria de leucemia desde os quatro. Devia haver uma lei que proíbisse os nossos filhos de morrerem primeiro do que nós. Mas ainda não expliquei onde é que a tragédia que se abateu sobre esta criança e a sua família se relaciona com o matrimónio. O facto deu-se quando, após os médicos terem-lhe diagnosticado que teria pouco tempo de vida, Reece quis realizar um último desejo: casar com Elleanor Purgslove, uma colega da escola. Felizmente para os pais de Reece, o miúdo não devia ver muita televisão, doutra forma nunca teria escolhido Elleanor, que apenas poderia ser vista com bons olhos numa perspectiva de investimento para o futuro, que era exactamente o que Reece não tinha.


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- "Quando soubemos, tentamos fazer tudo aquilo que ele queria, esforçamo-nos para realizar todos os seus desejos antes de nos deixar", argumentou a sua mãe. Até que ponto devem os pais fazer todas as vontades dos filhos? Assim, o miúdo pediu a mão da sua colega de escola, que surpreendentemente aceitou. Houve festa, alianças, altar, registro e até passeio de limusine e, ao que parece, o casamento terá ficado por aí, até porque a cerimónia não teve - obviamente - qualquer valor legal, fora o seu significado puramente emotivo do realizar de uma última vontade.



- "Agora posso morrer feliz", disse Reece ao final do dia. No dia seguinte sua mãe encontrou o corpo gélido na cama, na face uma expressão de serenidade e paz. Que se saiba, e, segundo o Lado B apurou, Elleanor não teve qualquer responsabilidade na fatalidade do seu "marido", logo após a primeira noite como casados.
Apesar de sentir o drama de uma doença que me merece o maior respeito, é difícil ser mais sério quando se brinca com valores e uma instituição como o casamento, ainda por cima com a estranha e quase macabra conivência dos pais das duas crianças envolvidas. E se ele tivesse pedido algo diferente, mais difícil ainda de concretizar? O amor não pode nunca ser um mero capricho, uma última vontade, uma opção. O amor é a essência, a razão sem qualquer razão aparente, o nada e todavia tudo, a luz interior, o brilho que ilumina a noite e nos mostra o rumo como um farol num denso nevoeiro.

4 comentários:

Hoje sem amanhã disse...

Voltei...
Beijo

Miguel disse...

o pessoal já andava com saudades.

B! disse...

Uma história impressionante!

Anónimo disse...

Que lindo teu blog Adar com um texto maravilhoso. muito boas, mo' gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito.