segunda-feira, outubro 02, 2006

SAUDADE

Parece mentira mas passam já 22 anos desde aquela noite em que partiste e eu não disse adeus sequer. Talvez porque no fundo do meu coração eu acreditava que voltarias. Talvez, embalado pelos teus quatro anos mais que te restavam - segundo os médicos - e que não diminuíam nunca, por mais anos que passassem. Só mais quatro anos, dizias, e repetia-lo ano após ano, e eu acreditava. Nós, os filhos, crescemos durante muito tempo com a ideia de que tudo nasce, cresce e morre, menos os nossos pais. Quantas semanas, meses, se passaram desde esse dia atento a cada ruído nas escadas, esperando que abrisses a porta e eu pudesse correr ao teu encontro, beijar-te a face e poder enfim dizer tudo aquilo que sempre fica por dizer: agradecer-te por todos os momentos, por tudo o que me ensinaste, e da falta que me fizeste e ainda hoje fazes. Até sempre, pai!

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