quinta-feira, outubro 26, 2006

O QUE PERDESTE, CLARA?

O que perdeste, Clara?, foi tão só um pouco
de tudo que em nada pouco interessa,
perdeste as guerras sem razão,
perdeste as novelas e o Masterplan,
os BBs e as anedotas do Herman;
perdeste os versos que não te escrevi
e os que escrevendo tu não leste,
perdeste a esperança atrás da felicidade
e depois? A felicidade é uma químera
e a esperança demagogia, promessas
de políticos em discursos sem sentido.
Não é bonita a vida, tu sabias
das minas e armadilhas pelo meio,
das pessoas que passam sem parar
com ardis e mentiras. Sabias do amor a saque
dos sentimentos mais puros, perdidos
em baixos e vulgares devaneios pornográficos.
Sentimos... e por sentir sofremos
(sentimos a tua falta, Clara!),
amamos sem amor, mentimos
sem saber porque mentimos,
matamos somente por matar
como animais que bebem sem ter sede.
O que perdeste, Clara? Talvez nada.
Perdeste-te de ti, escreveste o teu fim
quando sofrendo egoísta, causaste a dor
numa vida roubada aos pais a alegria perdida
p'la morte da filha, por demais sentida.
Foi-se p'ra eles o brilho e a candura
toda essa panóplia de ideais, o sentido da vida
nesses olhos de criança adulta, arco-íris
no final de cada tempestade.

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