sábado, maio 27, 2006

NEGRA COR


Já não pedes sequer, como se adivinhasses no que te não digo motivo, para não ceder aos eventuais caprichos de um qualquer anjo negro, como negras são as brumas em que me envolvo, areias movediças que me afastam de uma luz que já mal vislumbro. Negras são ainda as criaturas a que a insensatez da mente e a escassez da carne me conduzem; negra a cor do meu desamor, que de tanto amor me consome e enfraquece. Como pode o amor causar tanta dor e sofrimento?
E no entanto, ainda ontem me pedias. Mas ontem parece já tão distante, desvanecido pelo vento agreste dos sonhos desfeitos, recordado agora por um incontrolável e momentâneo desejo impuro.
Já nem sei em que dia estamos, como antes me esquecera do certo e do errado, de quem sou ou quis um dia vir a ser.

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