quarta-feira, abril 05, 2006

VOZ MIRAGEM

E a tua voz farol d'outras almas perdidas apagou-se
largando-me à deríva de densas trevas
afogado numa tempestade de auto-comiseração,
sufocado em vagas d'ódio e rancor, soberba,
falsos moralismos, bátegas de descrença.
Em cada rosto vejo um inimigo, uma luta sem tréguas,
um confronto descabido;
morro um pouco a cada instante,
em golfadas de um ódio sem sentido,
de amores frustrados, de expectativas goradas.
E na tua voz sereia de tantos enganos
fui só mais um, náufrago, perdido por um sorriso,
mais um alvo de chacota, apenas e só mais um
dessa turba imensa que te quer bem, que bem te quer,
um homem que por trás da farda se esconde,
as palavras víperinas carregadas de desprezo
como uma arma com balas de fel;
dispara a esmo vezes sem conta,
mata... e se não mata morre
o homem esperança quase surdo
atrás dessa voz miragem quase muda.

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