segunda-feira, dezembro 26, 2005

VOLTA!!!


Passei os últimos dois dias com o olhar perdido na janela do meu quarto, os ouvidos atentos no silêncioso vazio da ausência, o coração inundado de lágrimas secas, como sempre. Foram dias de guerra num tempo de paz, de um ódio que eu não concebia, mas que me encontrou de mãos e pés atados numa espera dilacerante, interrompida um sem número de vezes pelo soar do telemóvel... mais uma mensagem de boas festas. Boas festas... quando a palavra dos Homens equivale a um castelo de areia que se desmorona à primeira onda mais forte. Sexta-feira a minha cunhada levou o meu sobrinho para passar a noite e a manhã seguinte com ela, ficando de o devolver sábado a início da tarde, onde o esperavam avó e tio, pai e irmão e um monte de prendas compradas com muito sacríficio mas muito mais amor. à última da hora, essa mulher que se diz mãe, mas que é capaz de usar o filho como arma à falta de outros argumentos, avisou que não iria devolvê-lo antes de segunda-feira. Essa mesma mulher que morando perto do filho é capaz de passar semanas sem ir visitá-lo e que não lhe telefona porque as chamadas de telemóvel são caras lembrou-se de usá-lo numa luta pessoal, indiferente ao sofrimento de quem o ama diáriamente, de quem o veste e alimenta, de quem o leva à escola e o ajuda nos trabalhos, de quem o trata de cada vez que fica doente. Esperei. Não podia haver alguém tão mau e desprezivel, pelo menos nesta época. Só que os carros não pararam debaixo da janela do meu quarto e o telemóvel não tocou a avisar da sua chegada. Não, desligou o telemóvel quando o pai falava com o filho para lhe desejar as boas festas. E o irmão, sem saber o que se passava perguntava por um irmão que não o esperara para juntos abrirem os presentes, por que tanto ansiara. Hoje, não vou querer conversas, por não saber como iria reagir. Tive o Natal estragado, não importa! Amenizei a dor com a presença do meu outro sobrinho. Já estamos a 26, devia ser já 1 de Janeiro, poder esquecer os últimos dias e preparar-me, só isso - por agora - para o abraço apertado com que espero receber a pessoa mais importante da minha vida daqui por algumas horas.

1 comentário:

lumadian disse...

O nosso menino já chegou!