domingo, dezembro 04, 2005

COISA POUCA, COISA NOSSA


Roubaste-me a incerteza expectante das manhãs em que enfiados na cama, desencontrados dos lençóis, libertava o teu corpo das amarras do teu pijama, confundíamos as nossas pernas, misturávamos os nossos sexos, masturbávamo-nos um ao outro vezes sem conta, como se o tempo fosse coisa pouca, coisa nossa. Levaste a luz diáfana do glamour da minha insensatez, quando te descobria íntima nos caminhos escusos da minha nudez, quando a inquietante ternura dos meus beijos húmidos lambuzava a tua boca dos restos de uma fálica sede. E tu fingias que gostavas, como fingias que me amavas, como as juras de amor levianamente sussurradas com que tantas vezes me levavas, me enganavas, deixando-me desmistificar os meus tabus, desbravar o sentido proíbido, fazer de herói... na tua selva como um Tarzan, primata no emaranhado dos teus cabelos púrpuros que acariciava sem despentear, quando me beatificavas em águas douradas saciando a minha sede e a minha fome na perene serenidade dos teus compassos como versos de uma poesia indescrítivel, como se o tempo fosse coisa pouca... coisa nossa.


30SET03

Sem comentários: