segunda-feira, novembro 28, 2005

ÍCAROS SUÍCIDAS

A noite mais escura e sombria de todas as noites tombou sobre mim nessa manhã dos anos teus como torres de babel em cinzas e ícaros suícidas em queda-livre. No teu bolo despido de velas, o sopro dum anjo negro; o ar escoa-se num medo incerto, kamikazes em céu aberto, e os parabéns confundem-se desafinados em gritos pungentes de morte prematura, nos embrulhos desventrados sem presentes, nas entranhas fedidas dum monstro de pedra e aço com alma de gente. Repito-te que os Homens não podem voar, mas não acreditas. Se não voam, perguntas-me: então porque se atiram eles?, como heróis de ficção, mascarados da bd, aracnídeos lançadores de teias, desses que velam o sono do teu herói-menino. Ilumina a noite mais escura e sombria de todas as noites, o menino de uma avó que ainda canta na hora do óó, reacende a chama no embalo de um sorriso e faz da esperança o meu caminho, na noite mais fria o calor do teu abraço.

15SET02

A todas as vítimas e aos heróis anónimos de 11 de Setembro de 2001

1 comentário:

lumadian disse...

Ícaros Suícidas é um texto espectacular, diria mesmo, do melhor que já li. muito bom mesmo, parabéns.