quinta-feira, setembro 10, 2009

OBRIGAÇÃO CUMPRIDA. E AGORA?

Uma grande parte dos inquilinos tem respondido de forma positiva ao apelo de recuperação e embelezamento dos prédios mais degradados ou a necessitarem de limpeza. Cumprida a nossa parte do acordo, quem nos dá garantias de que não apareçam logo "artistas" como os que esta semana estrearam a nova pintura de um prédio na Rua Bernardo Francisco da Costa, em Almada? É que as obras duraram cerca de um mês, um pouco mais e bastou o seu término para logo aparecer alguém a fazer isto, sem mesmo esperar que os andaimes fossem desmantelados na sua totalidade. E agora? Quem estará a negligenciar as suas responsabilidades? A Câmara Municipal? A Polícia? É que ninguém apanha quem faz isto e a polícia só passa pelas ruas nas suas viaturas facilmente identificáveis - que é feito dos agentes a pé? - dando tempo a quem precisa de se esconder ou fugir. Por estas é que de cada vez que falo alto para com os meus botões agitam-se logo uns quantos moralistas por me lembrar da justiça em certos países árabes e de como umas mãos - vá lá, uns dedos - a menos resolviam este problema e serviam de recado para outros "brincalhões".

4 comentários:

SmartinS disse...

É revoltante a falta de educação e civismo de alguns miúdos e graúdos que de alguma forma vêm este tipo de actos como “divertido”. É triste ver como o esforço das pessoas em preservar o seu espaço exterior é desconsiderado, e não há ninguém que realmente solucione este tipo de situações. É simplesmente inaceitável!

Abraço,
Silvia

Alexandre Correia disse...

Caro Miguel,

Nos dias que correm, tudo tem de ser considerado arte. E quem vai contra isso, é retrógrado, insiste em manter as sensibilidades individuais aprisionadas a padrões estabelecidos. Eu não concordo nem com uma coisa, nem com outra, mas garanto-lhe que lerá comentários deste tipo proferidos por individualidades com responsabilidades na política portuguesa, especialmente nos sectores do centro para a esquerda, sempre que ocorrer um incidente envolvendo forças de segurança e artistas deste género.
Se, como antigamente, fosse mesmo proibido afixar anúncios e pintar coisas nas fachadas e locais não autorizados, e se houvesse realmente fiscalização disso, com a consequente responsabilização dos prevaricadores que fossem identificados a transgredir, acredito que uma boa parte dos artistas mudava de ramo. Mas não, estes actos são mesmo inconsequentes para os seus autores e isso tem ainda um problema grave associado: o de incutir nos mesmos um sentimento de impunidade que crescerá na mesma proporção dos seus crimes, digo, obras de arte.
Mas peço-lhe uma coisa: resista à tentação do discurso populista do Partido Popular, aquele que nos seus cartazes de propaganda procura atiçar os portugueses uns contra os outros, estimulando rancores e ódios com interrogações como a da justiça dos subsídios de pobreza face ao baixa valor das reformas — acusando uns de receberem sem nada terem feito e outros, coitados, trabalharam a vida toda para receber uma miséria — ou que os policias, coitados, estão reféns de regulamentos que não lhes permitem actuar, entre muitos outros temas apaixonantes para qualquer ignorante. Sim, ignorante, porque quem tiver a capacidade de pensar por si e analisar todos estes problemas, compreenderá que são mais complexos do que aparentam e nenhum político está verdadeiramente empenhado em resolvê-los. Até porque muitos, já tiveram essa oportunidade e despediçaram-na.

Abraço,

Alexandre Correia

PS - Registei com a agrado a simpatia de ter-se tornado seguidor do meu blog. Obrigado!

Miguel disse...

Caro Alexandre, não foi minha intenção fazer qualquer tipo de propaganda do tipo "Partido Popular" até porque nada me move a nenhum partido em particular. Este espaço nunca pretendeu ser difusor de ideias políticas, antes pelo contrário. Aqui tento encontrar e enviar alguma boa disposição, apesar de por vezes dar a minha opinião sobre certos assuntos que me incomodam, como foi o caso. Todas as sociedades regem-se por leis, umas mais importantes do que outras mas todas fulcrais para que nos sintamos protegidos nos nossos direitos. Se alguém rabiscar as paredes do meu prédio ou mesmo desenhar nelas aqueles desenhos vistosos e elaborados, decerto que não o irei convidar para um café ou mesmo elogiar a sua "arte". Uma das regras mais básicas de uma convivência sã é o respeito, por ideias, por atitudes,por muitas coisas que não compreendemos ou com que não concordamos.Por ultimo, não pretendi em momento algum criticar a polícia, fazendo-o, isso sim, a quem lhes "corta" as pernas e impede que a justiça seja mais justa e rápida, enchendo de direitos os prevaricadores e aqueles que respeitam a lei e a ordem de deveres. Obrigado pelo seu comentário que recebi com o apreço de sempre, apesar de, como já referi, não concordar com algumas das suas ideias, embora respeitando-as como sempre. Um abraço.

Alexandre Correia disse...

Caro Miguel,

Por isso é que somos todos diferentes. Mas vejo-me obrigado a esclarecer uma coisa: não achei nunca que defendia a tese deste ou daquele partido. Reconheço que a forma como o escrevi pode dar essa interpretação, mas não, não era o que pretendia dizer, mas tão somente alertar para o perigo do populismo, que conquista tão facilmente os ignorantes (até por não o incluir neste grupo da sociedade, não podia nunca pensar no Miguel como um defensor dessas politicas). Foi com essa conversa, num momento de grave depressão mundial, que Adolf Hitler conquistou o poder. Partilho da sua tristeza pelas limitações da policia em Portugal, como lamento que tão frequentemente os tribunais soltem quem merece ser rudemente castigado, apenas porque houve um erro processual que anulou o julgamento, ou porque foi excedida a prisão preventiva ou, não interessa. Finalmente, não suporto os tipos que pintam paredes, queimam caixotes do lixo e se entretêm a destruir o que não lhes pertence, muitas vezes sem qualquer razão aparente. Só pelo gozo (?) de fazê-lo. O mínimo era terem de pagar, de indemnizar as vítimas do seu gozo. Eu já chamei a policia a intervir várias vezes que testemunhei situações dessas. A maioria dos cidadãos olha para o lado e diz que não é policia...

Abraço,

Alexandre Correia

PS - São raros, mas há alguns grafittis que até o Miguel os reconhece como arte. E tome nota: não me revejo em nenhum dos partidos que temos em Portugal. Lamento ter falado de politica no seu blog.