Poderia falar de certas pessoas que passam impunes pelos erros que cometem e para quem basta um pedido de desculpas e algo tão infantil do género "prometo que não faço mais", com que pensávamos que enganávamos antigamente os nossos pais, para ficar tudo bem, enquanto que outros são obrigados a pagar severas coimas, porque a lei é para se cumprir. Mas não o farei. Porque já vi que há certos países que quase que param por pequenas insignificâncias, tornando-as motivo de grandes títulos nos jornais e suficientes para acordar a classe política sempre pronta a atacar apenas e só por atacar, sem qualquer objectivo que não seja denegrir a imagem de quem está do outro lado da barricada. Poderia alongar-me sobre o assunto, mas isso seria menosprezar as mais de cinquenta mil vítimas dos sismos da China, os confrontos no Sudão, a situação da Birmânia, os aumentos dos combustíveis, dos transportes e dos bens essenciais em Portugal. Perante tudo isto, até para mim - acérrimo defensor da lei contra o tabagismo - um cigarro aceso no interior de um avião, só pode dar-me vontade de rir... porque o resto faz o meu coração transbordar de lágrimas e de uma repúdia silênciosa.
Poiesis, volume I
Há 3 dias
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