Não importa a distância, a ausência, quando a memória transborda de imagens e momentos que acordam e adormecem connosco e a saudade é um refúgio sadomasoquista que nos leva a inquirir a nossa própria sanidade mental. A vida é um infindável teste que nos leva a questionar posições tão antagónicas entre o desejo e o dever, mesmo sabendo que em campos opostos se justificam ambas pelos fins pretendidos ou mais correctos. Há uma linha ténue e frágil entre o certo e o errado, o coração e a razão e eu sei, que nem sempre o amor por mais forte deixa de sucumbir perante razões devidamente fundamentadas, uma realidade que nunca é aquela dos filmes ou dos romances cor-de-rosa. Aí, não raras vezes, a abnegação é encarada como um gesto de amor, o altruísmo levado a extremos, ou a desculpa fácil e conveniente que tanto nos magoa. O amor, em todos os seus meandros, razões e consequências, é um sentimento despido de abnegação, egoísta. A minha prenda, hoje, àquela pessoa que nos faz sentir especiais, que nos faz pensar que tudo é possível - até voar, é virtual, alicerçada num desejo tão antigo cujo fim erradamente se adivinhava. Uma flor que fosse... seria suficiente para mitigar o vazio de tantos anos a ver a vida do lado errado da janela. O sentimento, esse é real, como a dor das decisões a que chamamos certas, onde o coração não foi tido nem achado. Quem sabe um dia, este mesmo dia não seja tão difícil de passar e o que hoje é uma nostalgia agrídoce seja apenas uma recordação remota dissolvida pelos ventos dóceis de um porvir radioso. Nunca dêem a vossa relação como garantida. Lutem por ela diáriamente, conquistem-na, reguem-na como a uma flor que precisa de água para não morrer. Sejam felizes fazendo os outros felizes. A vida não é complicada, nós é que a complicamos quando escutamos mais fácilmente uma palavra do que um beijo dado com o coração.
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