Sou somente um homem de letras despido de fé,
um homem de versos, odes e estrofes,
eloquente na semântica de palavras distintas
que s'ajeita com as sílabas, qu'inventa rimas,
e até cita Camões, Pessoa e Lobo Antunes.
Sou um homem que usa de parábolas e metáforas,
que faz da escrita desabafo, prosa e poesia,
pequenas e modestas pérolas literárias;
um homem de letras caído em desgraça
que escreve de cor sobre desejo, sexo, dor,
ódio, ciúme, vida e morte. Um erúdito
que nunca soube o que era amor,
que nunca ofereceu uma flor que fosse
que não tivesse sido retirada d'um livro,
jardins secretos de uma alma ferida;
um homem de letras, um contador de histórias,
um mágico, um inventor de coisa nenhuma,
um carpinteiro d'emoções
que todavia martela o próprio dedo
sempre que passa da palavra escrita à chamada oral,
que nunca encontrou as palavras certas
para expor do coração os sentimentos;
um homem de letras vestido de silêncios constrangedores
escrevrendo sobre paixões intemporáis e beijos que nos deixam sem ar
mas que nunca conseguiu dizer "amo-te!"
sem manchar a alvura imaculada duma folha virgem.
1 comentário:
Um homem que nunca deixou de ser criança, e que acalenta a esperança-eterna, de que, à luz de uma lanterna, se lhe mostre o caminho. A viagem, para a qual é preciso coragem. De romper cordões, de quebrar corações, de fazer sofrer. O caminho está lá. Só tem que o percorrer.
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