sábado, novembro 06, 2010

O PRIMEIRO BEIJO

Beijos. De entre todas as coisas que podemos fazer com a boca, de entre tudo o que podemos e desejamos fazer na vida, poucas coisas se comparam a um bom beijo, de preferência muitos e variados, do leve roçar de lábios ao tão popular beijo francês, curto ou mais prolongado, daqueles de tirar a respiração, quem não sonha com o seu primeiro beijo? Existem outras formas de demonstrar afecto, o toque das mãos, aquele olhar de quem não vê mais nada além da pessoa amada, mas é a expectativa do primeiro beijo - a par da famosa primeira vez - o motivo dos nossos primeiros suores frios, de todas aquelas ideias e das imagens que construímos na cabeça e que não raramente caem por terra na hora H. Não importam os planos, mas a experiência, a continuação. Por muito que nos recordemos do primeiro beijo, dificilmente ele será melhor do que o segundo e o terceiro, tese esta que serve também como boa desculpa, se depois deste desajeitado choque de lábios o seu parceiro ou parceira não se mostrarem muito entusiasmados. Convençam-no (a) que a próxima vez será bem melhor.  Não obstante, é a memória do primeiro e não do último que me acode ao pensamento - mais pela ternura do que pela perfomance. Ah, esse eterno e curioso sabor tantas vezes agrídoce das primeiras vezes!..., tão contrário à pressa, inimiga da perfeição, daqueles que querem engolir o mundo numa só golfada e que por isso - embora adquirindo rápida e vasta experiência - raramente lhe tomam o sabor que só o conhecedor e o paciente adquirem. Poucos ousam por estes dias em que nos achamos cada vez mais conhecedores da vida e das pessoas, psicanalistas de bolso, datar essas estreias - beijo ou sexo - para depois dos 18/20 anos, havendo mesmo uma espécie de orgulho masculino, uma competição para ver quem perdeu a virgindade mais cedo, da forma e nos locais mais inconcebíveis. Beijar, amar, não têm de ser uma corrida contra o tempo, um prazer tão somente intenso e instantâneo, mas uma partilha de emoções, sentidos e descobertas que vão prolongar e tornar cada momento memorável para além do momento do próprio beijo.

6 comentários:

IM disse...

Realmente a primeira vez de qualquer coisa cria sempre expectativas que mais tarde e muitas vezes caiem em frustração... a grande vantagem é que depois da primeira vez tende a melhorar e as seguintes ficam com gosto da primeira vez, ou seja, é como se cada vez fosse a primeira.

Beijos!

Mariana marciana disse...

O primeiro beijo... não há coisa mais fantástica, a adrenalina que lateja nas veias, o arrepio que percorre o corpo, a falta de ar e o aperto no peito.
A técnica, certamente melhora com o tempo, com a familiaridade mas perde-se a sede... Não há melhor sensação no mundo que que "beija-me a agora senão morro".

João Roque disse...

Um primeiro beijo é bom, claro, mas melhor ainda são os seguintes, cada vez mais requintados...

Miguel disse...

Sus, acho que o que disse poderia melhorar muito não só as relações, mas tudo o mais, a maneira como vimos cada coisa à nossa volta. O problema é que depois dessa primeira vez temos sempre tendência a dar seja o que for como certo, como verdades irrefutáveis e inquestionáveis. Deviamos olhar, fazer, sentir ou saborear sempre como se fosse a primeira vez, com olhos de descobrir.

Maria Marciana, era dessa sede que falava no meu comentário anterior. Por isso o gosto da primeira vez, mesmo não sendo o melhor, nunca se esquece.

Pinguim, nada como continuar praticando, sempre mais e mais para não perder a prática.

Anónimo disse...

Beijar é sentir o sabor do outro e é muito bom, mas como vc mesmo disse, tem que ser um bom beijo!

bjs querido e obrigada pela visitinha em meu blog.

Miguel disse...

Salete Cattae, partilhar é meio caminho para a felicidade, um texto, um beijo, tudo o que nos faz sentir bem e que perde o valor se não houver com quem partilhar. A sós até um belo pôr do Sol perde a sua graça. Bjs.