domingo, agosto 29, 2010

PORQUE HOJE É DOMINGO!...

Voltar ao início, ao ponto de partida. É mais fácil quando se joga ao Monopólio. Na vida real, é preciso coragem. Coragem para assumir a derrota. É como partir em busca da terra das oportunidades e ter jogado no cavalo errado, derrotado por uma cabeça. É como sair em busca do arco-íris dos sonhos e não encontrar nada no seu final, regressando com o saco da esperança carregado de desilusões e tempo perdido, afogado em memórias que cultiva como rugas, cicatrizes de uma vida que não chegou a ser. No regresso a uma casa onde não pensava voltar, as perguntas doem, embora não tanto como as pancadas nas costas e as palavras de um consolo inconsolável, que é a dor de uma ilusão frustrada. O tempo, esse companheiro de caminhadas, segue em frente, impenetrável, insensível ao seu cansaço mais psicológico do que físico. Tolices. Se parasse um pouco para pensar saberia que ninguém volta de um lugar que não existe e muito menos consegue perder algo que nunca teve. Se a vida fosse um jogo era a altura ideal para pedir um desconto, um intervalo, de forma a não ficar apeado, irremediavelmente arredado dos sonhos que agora se perdem longe, minúsculos na linha do horizonte. Mas o regresso ao ponto zero, deixa-o no lado errado da janela, protegido de um tempo que não pára e que não perdoa fraquezas, de uma estrada recheada de obstáculos difíceis de transpor, à distância segura das emoções, tão difíceis de domar como cavalos selvagens correndo soltos numa pradaria verdejante, livres. Sabia agora porque há países e pessoas que não resistem, libertos do jugo de quem lhes ditava as leis, invasores, opressores, patrões. A liberdade obriga a pensar, a decidir, a agir. Provou dela o doce fel, tão cativante como o canto das antigas sereias que levavam os marinheiros a uma morte certa afogados num denso mar de lágrimas. Sim, lágrimas!, porque as rochas - por mais sólidas - também caem e os homens também choram e as palavras... - as que se dizem e as que se calam - continuam a doer mais que paus e pedras, tingindo a pele com marcas indeléveis, que embora não se vendo nos deixam a sangrar por dentro.

6 comentários:

urban.go disse...

O doce fel da liberdade, o doce fel das palavras, tudo isso acompanhado por uma boa "colheita" de lágrimas tem um sabor indistinto mas ao mesmo tempo muito distinto pois é um sabor da vida, e esses sabores doces ou amargos ficam no subconsciente ... na alma da gente.

Bem conseguido o texto, parabéns!

Abraço.

Regina Rozenbaum disse...

Ah Miguelito, duplo-anjo, amado... Esse é o Miguel que perguntei por onde andava...
" O tempo, esse companheiro de caminhadas, segue em frente, impenetrável, insensível ao seu cansaço mais psicológico do que físico. Tolices. Se parasse um pouco para pensar saberia que ninguém volta de um lugar que não existe e muito menos consegue perder algo que nunca teve." Deixo procê um Aprendiz da dor (em 05/04/2009 lá no Divã):
DOR QUE DÓI

QUE MEXE E REMEXE

COM O CORPO E COM A ALMA

QUE CONTA COISAS SOBRE MIM
QUE EU SABIA

E NÃO SABIA QUE SABIA

AGORA SEI

DE UM JEITO DOÍDO

O QUE NÃO QUERIA SABER...(RR)
Beijuuss n.c. e um ótimo restim de domingo procê

www.toforatodentro.blogspot.com

Vitor disse...

Por aqui se escreve,se pensa...a preceito,e com muito jeito!...não só porque é domingo!

ThreeTense disse...

The tears clear our paths to conqueor happiness...
Smile.

Sofia disse...

Mas nunca se perde tempo... apesar de ficarmos desanimados de o vermos a continuar a passar quando retornamos à casa-partida! Os dados estão já estão lançados... confia na sorte! E as dores quase insuportaveis, inumanas que sentimos... é senti-las sem nos afogarmos, como quem se vê de fora e percebe que é normal que esteja assim... profundamente triste! Chora pois, quando a lágrima sai é porque estás a ver sem lentes o que sentes. E esse sentir vai-se diluindo, como um vicio que se larga... dificil, mas possível... na maior parte das horas, depois dos dias, depois do resto da tua vida. Deixei-me levar, escrevi para "chuchu"! Ai, esta vida... não há perdedores, só ganhadores e ninguém ganha sem perder nada!

maria moura disse...

Mais vale recomeçar sempre e sempre, de cabeça erguida, com um sorriso no rosto, do que parar e morrer, psicologicamente.
Que palavras tão precisas, mas isso tu sabes Miguel.

bj
mmoura